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do emb<strong>as</strong>amento da Igreja da Sé, pisos de granito e cerâmica, o<br />
monumento simbólico da “Cruz caída” e o monumento a Zumbi<br />
– justa reivindicação da comunidade negra excluída – ? E agora,<br />
qual a identidade dessa Praça?<br />
Filosoficamente, enquanto conceito (um virtual), identidade<br />
tem o sentido de mesmo, idêntico, ou seja, afirma a permanência<br />
de algo, de uma “coisa em si”, de uma essência. Vale salientar que<br />
diferentes vertentes do pensamento contemporâneo criticam o<br />
essencialismo, pois a vida, a existência se afirma como processo<br />
transformacional, onde tudo se transforma, nada permanece<br />
o mesmo. Não existem cois<strong>as</strong> em si, pois <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> são relações,<br />
multiplicidade de elementos resultantes de imprevisíveis conexões<br />
processuais. Trata-se, portanto, sempre de um devir-outro da<br />
existência. Justamente por isso, é preciso ter o devido cuidado,<br />
ao se usar o conceito de identidade, pois ele expressa apen<strong>as</strong> a<br />
exterioridade d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, como mero reconhecimento de algo, de<br />
alguém, de um grupo social, de um país e que, todavia, se encontra<br />
em contínuo processo de transformação, de diferenciação,<br />
de mudança, e não são essênci<strong>as</strong>, cois<strong>as</strong> em si, que permanecem.<br />
Hoje, o termo mais empregado do ponto de vista filosófico,<br />
não é o de identidade, m<strong>as</strong> o de diferença, pois, se <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> mudam,<br />
via de regra, el<strong>as</strong> se repetem, diferenciando-se, ou seja, ocorrem<br />
diferenç<strong>as</strong>, que podem ser tanto diferenç<strong>as</strong> de grau e/ou de nível,<br />
ou mesmo, diferenç<strong>as</strong> de natureza, e isto, quando ocorrem atos<br />
criativos, evidenciando a mobilidade processual da existência.<br />
É sempre a diferença e não a identidade que se afirma. Pois a identidade<br />
é um conceito conservador, herdado da antiguidade, e<br />
que integra o repertório conceitual da lógica clássica aristotélica,<br />
reciclada pela Modernidade, e que pretende <strong>as</strong>segurar a permanência<br />
de uma essência que se pressupõe existir. Entretanto, o<br />
que de fato ocorre é a permanente mudança, transformação que<br />
evidencia a diferença, ou seja, uma descontinuidade (ruptura),<br />
um acontecimento, uma criação, um devir-outro da existência.<br />
70 p<strong>as</strong>qualino romano magnavita