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Políticas Culturais para as Cidades

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Nesse processo, consolidado nos anos 30, tudo aquilo que não<br />

estava dentro de um princípio único foi eliminado, foi jogado<br />

de escanteio. Assim, ao longo de praticamente 70 anos de ações<br />

voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> a preservação dos bens culturais, apen<strong>as</strong> mais recentemente<br />

de maneira efetiva observa-se que outros elementos culturais<br />

de determinados segmentos da sociedade br<strong>as</strong>ileira estão<br />

sendo efetivamente incorporados. Nesse processo de construção<br />

da identidade nacional eliminou-se tem<strong>as</strong> da cultura afrodescendente,<br />

da cultura indígena, porque o que se tentou forjar era<br />

uma identidade br<strong>as</strong>ileira que se espelhava principalmente nos<br />

segmentos da sociedade que sempre detiveram o poder religioso,<br />

econômico e político. Dentro dessa perspectiva é que se elegem<br />

os bens culturais produzidos no Estado de Min<strong>as</strong> Gerais, do século<br />

xviii, como os mais representativos da identidade nacional,<br />

pois p<strong>as</strong>sam a ser considerados os genuinamente br<strong>as</strong>ileiros. Este<br />

conceito de br<strong>as</strong>ilidade foi des<strong>as</strong>troso <strong>para</strong> o País, principalmente<br />

em relação ao patrimônio urbano d<strong>as</strong> cidades, pois praticamente<br />

só os núcleos urbanos mineiros, frutos do ciclo da mineração do<br />

ouro e do diamante foram merecedores, recebendo o título de<br />

Patrimônio Nacional, e consequentemente legislação própria <strong>para</strong><br />

sua proteção até <strong>as</strong> décad<strong>as</strong> de 60 e 70. Apen<strong>as</strong> a partir dos anos<br />

70, quando o conceito de patrimônio começa a ser ampliado é que<br />

<strong>as</strong> cidades do Nordeste, e outr<strong>as</strong> cidades br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>, p<strong>as</strong>sam a ser<br />

protegid<strong>as</strong>, a ter o seu patrimônio arquitetônico, urbanístico e<br />

paisagístico protegido; por exemplo, Salvador só p<strong>as</strong>sa a ter áre<strong>as</strong><br />

urban<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> a nível nacional nos anos 60. Muit<strong>as</strong> edificações,<br />

áre<strong>as</strong> urban<strong>as</strong> e rurais de interesse histórico e cultural foram<br />

perdid<strong>as</strong> nesse processo, por não serem considerad<strong>as</strong> como parte<br />

da Identidade Nacional, em razão de não possuírem o caráter de<br />

excepcionalidade do ponto de vista artístico-histórico-cultural.<br />

De certa forma, esta foi uma política que contribuiu <strong>para</strong> o desaparecimento<br />

ou mutilação de inúmeros núcleos urbanos, inúmeros<br />

espaços públicos e divers<strong>as</strong> paisagens...<br />

patrimônio cultural: questões <strong>para</strong> um debate 59

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