19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

164 paola berenstein jacques<br />

modelo Barcelona que ontem mesmo foi proposto aqui como<br />

um exemplo <strong>para</strong> Salvador ou ainda o modelo Pequim, onde<br />

<strong>as</strong> expulsões e <strong>as</strong> demolições autoritári<strong>as</strong> foram ainda mais explícit<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong>sumid<strong>as</strong> do que em Barcelona, que fez o mesmo de<br />

forma bem mais discreta.<br />

Tanto a cultura quanto a cidade p<strong>as</strong>saram a ser considerad<strong>as</strong><br />

como mercadori<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong>, manipulad<strong>as</strong> como imagens de<br />

marca, principalmente dentro do atual processo de globalização<br />

da economia. Como a pretensa especificidade – a busca da tal<br />

«identidade» de cada cidade, já tão criticada aqui por P<strong>as</strong>qualino<br />

Magnavita –encontra-se fortemente ligada a uma cultura local,<br />

é principalmente através dessa cultura própria que <strong>as</strong> cidades<br />

poderiam construir su<strong>as</strong> imagens de marca. As singularidades<br />

geram slogans que podem ajudar a construir uma «nova imagem»<br />

da cidade. N<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> e nos projetos urbanos contemporâneos<br />

existe uma clara intenção de se produzir, de se inventar, de se<br />

forjar uma imagem de cidade. Essa imagem, de marca, seu logotipo,<br />

seria fruto de uma cultura própria, de sua pseudoidentidade<br />

(obviamente forjada).<br />

Paradoxalmente, ess<strong>as</strong> imagens de marca de cidades distint<strong>as</strong>,<br />

com cultur<strong>as</strong> distint<strong>as</strong>, parecem-se cada vez mais. Essa contradição<br />

pode ser explicada: cada vez mais <strong>as</strong> cidades precisam seguir<br />

um modelo internacional extremamente homogeneizador, imposto<br />

pelos financiadores multinacionais dos grandes projetos<br />

urbanos, como o Banco Mundial. Este modelo visa b<strong>as</strong>icamente<br />

o turista internacional – e não o habitante local – e exige um<br />

certo padrão mundial, um espaço urbano tipo, padronizado.<br />

Como já ocorre com os espaços padronizados d<strong>as</strong> cadei<strong>as</strong> dos<br />

grandes hotéis internacionais, ou ainda dos aeroportos, d<strong>as</strong> redes<br />

de f<strong>as</strong>t food, dos shopping centers, dos parques temáticos,<br />

dos condomínios fechados, equipamentos – hoje chamados de<br />

empreendimentos, em sua maioria privados – que fazem com<br />

que ess<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de expansão d<strong>as</strong> grandes cidades mundiais tam-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!