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Políticas Culturais para as Cidades

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1<br />

O presente seminário<br />

aconteceu em agosto<br />

de 2008, momento ao<br />

qual imediatamente se<br />

seguiu a abertura da<br />

enorme crise financeira<br />

internacional, que<br />

av<strong>as</strong>salou os mercados<br />

e <strong>as</strong> atividades<br />

econômic<strong>as</strong>, de modo<br />

geral.<br />

Logo que o atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da<br />

Silva, foi eleito, ele começou a apregoar o espetáculo do crescimento<br />

e durante algum tempo isso foi motivo de anedota. O que<br />

se <strong>as</strong>siste desde 2007 é um processo de crescimento econômico<br />

no Br<strong>as</strong>il, e não só no Br<strong>as</strong>il. 1 Este momento de crescimento é<br />

também um momento de crise, entendendo crise como processo<br />

de destruição do existente e de criação do novo. A crise<br />

do crescimento, portanto, nos abre a mudança e a transformação<br />

como perspectiv<strong>as</strong> ou, esperançosamente, a possibilidade<br />

de conquista de melhores condições sociais, culturais,<br />

urban<strong>as</strong> e urbanístic<strong>as</strong>.<br />

Assim, vemos, por todo lado, um processo de construção e<br />

de reconstrução extremamente acelerado d<strong>as</strong> cidades, seja pelo<br />

lado físico, concreto, palpável, seja pela interface imagética e<br />

digital. M<strong>as</strong> esse processo nem sempre nos traz uma perspectiva<br />

agradável, do ponto de vista do sentido em que <strong>as</strong> cidades estão<br />

se transformando hoje, particularmente em termos da cultura.<br />

E <strong>para</strong> particularizar a abordagem dessa relação cultura-cidade,<br />

vou privilegiar um campo da produção cultural da cidade, minha<br />

área de trabalho, que é a arquitetura e o urbanismo – campo nem<br />

sempre, aliás, reconhecido como esfera de produção de cultura,<br />

relegado que foi à esfera da produção bruta de mercadori<strong>as</strong> imobiliári<strong>as</strong><br />

e de obr<strong>as</strong> questionáveis de infraestrutura.<br />

De início, é importante reincorporar a ideia da cidade como<br />

obra, formulação de Henri Lefebvre, ainda nos anos 60, quando<br />

buscava contrapor, à produção, de forma majoritária e hegemônica,<br />

da cidade como valor de troca, a cidade como valor de uso. Isso<br />

significa atentar <strong>para</strong> os processos de produção que estão além<br />

dos valores puramente mercantis, reduzidos a um equivalente<br />

geral e intercambiável, ou seja, <strong>para</strong> os processos simbólicos, de<br />

sociabilidade, de criação, de urbanidade.<br />

Entender a cidade como obra traz, portanto, como possibilidade,<br />

o entendimento dos seus complexos processos de significa-<br />

2 4 ana fernandes

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