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É possível falar-se em processos urbanos distintos, como<br />
culturalização, patrimonialização, museificação, musealisação,<br />
estetização, turistificação, gentrificação, m<strong>as</strong> todos fazem parte<br />
desse processo contemporâneo de espetacularização d<strong>as</strong> cidades<br />
contemporâne<strong>as</strong>. Este processo, por sua vez, é indissociável d<strong>as</strong><br />
nov<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> de marketing, ou mesmo do que podemos chamar<br />
hoje de branding urbano (construção de marc<strong>as</strong>) dos projetos<br />
ditos de revitalização urbana, que buscam construir uma nova<br />
imagem <strong>para</strong> <strong>as</strong> cidades contemporâne<strong>as</strong>, que lhes garanta um<br />
lugar na nova geopolítica d<strong>as</strong> redes globalizad<strong>as</strong> de cidades turístic<strong>as</strong><br />
e culturais. Na lógica contemporânea de consumo cultural<br />
m<strong>as</strong>sificado, a cultura é concebida como uma simples imagem de<br />
marca ou grife de entretenimento, a ser consumida rapidamente.<br />
Com relação às cidades, o que ocorre é semelhante: a competição,<br />
principalmente por turist<strong>as</strong> e investimentos estrangeiros, é<br />
acirrada e os políticos, com apoio dos empreendedores do setor<br />
privado, empenham-se <strong>para</strong> melhor construir e vender a imagem<br />
de marca, ou o logotipo, de su<strong>as</strong> cidades cenográfic<strong>as</strong>, cada dia<br />
mais padronizad<strong>as</strong> e uniformizad<strong>as</strong>.<br />
Neste processo urbano de espetacularização, a cultura vem<br />
se destacando como estratégia principal da revitalização urbana<br />
– os atuais projetos urbanos contemporâneos vêm sendo<br />
realizados no mundo inteiro, segundo uma mesma estratégia:<br />
genérica, homogeneizadora e espetacular – e a ênf<strong>as</strong>e d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />
urban<strong>as</strong> recai cada vez mais sobre <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> culturais. Nessa<br />
lógica de consumo cultural urbano, <strong>as</strong> vedetes são os grandes<br />
equipamentos culturais, franqui<strong>as</strong> de museus e su<strong>as</strong> arquitetur<strong>as</strong><br />
monumentais (como o c<strong>as</strong>o de Bilbao – o Guggenheim de Frank<br />
Gehry ou o mac de Oscar Niemeyer, em Niterói) – cada vez mais<br />
espetaculares, com projetos de arquitetos do starsystem global<br />
e visados pela mídia e pela indústria do turismo – que p<strong>as</strong>sam<br />
<strong>as</strong>sim a ser <strong>as</strong> principais âncor<strong>as</strong> de megaprojetos urbanos inseridos<br />
nos novos planos estratégicos. Como foi o c<strong>as</strong>o com o<br />
not<strong>as</strong> sobre cidade e cultura 163