19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

168 eneida leal cunha<br />

A dimensão que escolhi <strong>para</strong> ressaltar no tempo que me cabe<br />

não é nova, enquanto posicionamento meu, <strong>para</strong> aqueles com<br />

os quais convivo na Universidade Federal da Bahia, especialmente<br />

<strong>para</strong> os estudantes do Programa Multidisciplinar de Pós-<br />

Graduação em Cultura que frequentaram <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong>.<br />

Pretendo ressaltar, na minha intervenção, um desafio que julgo<br />

extraordinário, nesta oportunidade de propor nov<strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />

culturais <strong>para</strong> uma cidade – no momento estou pensando no<br />

singular – no contexto de um debate pré-eleitoral. E vou tentar<br />

argumentar a favor de uma questão muito pontual, que considero<br />

nuclear <strong>para</strong> que se pense, se discuta ou se implemente<br />

qualquer política cultural nessa cidade.<br />

A cidade de Salvador, nos últimos quatro anos, vem sendo<br />

estudada por mim do ponto de vista da formação do seu imaginário,<br />

ou do que frequentemente, com seriedade ou como<br />

ironia, costuma ser referido como “imaginário da baianidade”.<br />

Entendendo-se aqui o imaginário, não como uma fant<strong>as</strong>ia ou<br />

imagem falsa, m<strong>as</strong> como o conjunto de significações, historicamente<br />

constituíd<strong>as</strong>, que organizam a nossa percepção e a<br />

nossa experiência da cidade. O que nós temos em Salvador? Que<br />

cidade é esta que foi construída <strong>para</strong> nós e que cotidianamente<br />

é reconstruída por nós?<br />

Salvador corresponde a um espaço que desde o século xvi<br />

é reiterado como o lugar do acolhimento, da troca, da mistura.<br />

Desde os anos trinta do século xx, Salvador tem uma produção<br />

incessante de discursos e imagens que valorizam a negromestiçagem<br />

racial e cultural, do ponto de vista hegemônico; que<br />

desde os anos de 1970 estabeleceu como um projeto, ou uma<br />

diretriz, a articulação sólida e eficaz entre cultura e turismo<br />

(na direção inclusive do que a Paola Jacques se referiu anteriormente).<br />

M<strong>as</strong>, também, em Salvador, desde os mesmos anos de<br />

1970, emerge em um segmento da sua população, o segmento<br />

negro, um movimento potente de afirmação da ancestralidade

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!