19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da população, na dimensão do povo, porque os conflitos todos<br />

estão ali... Um homem sentado confortavelmente, tendo uma<br />

vidraça a sua frente, com um jornal no seu colo e um relógio na<br />

correntinha, de lado. Um homem portando também uns óculos<br />

modernos e, do outro lado da vidraça, a população transitando...<br />

e ele pensa que pode se arriscar a entrar naquela selva... No meio<br />

dessa selva, ele encontra um homem estranho que parecia absorver<br />

a vida daquel<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> tod<strong>as</strong>, que não falava nada, que<br />

nada dizia... Ele foi completamente puxado, sugado por esse<br />

homem estranho, o homem d<strong>as</strong> multidões, e ele transita durante<br />

a noite toda atrás desse homem, ele se arrisca a entrar no meio<br />

d<strong>as</strong> multidões, ele sai do seu lugar protegido e entra e caminha,<br />

durante a noite toda, por praç<strong>as</strong> e praç<strong>as</strong>, sempre observando<br />

aquele homem misterioso que nada dizia, sugando a vida como<br />

se daquilo ele se aliment<strong>as</strong>se... e ele volta <strong>para</strong> o lugar onde estava,<br />

no hotel confortável, sem nada entender, pois ele nada viu...<br />

A dimensão da rua é a dimensão do conflito, d<strong>as</strong> lut<strong>as</strong> tant<strong>as</strong><br />

e <strong>as</strong> lut<strong>as</strong> tant<strong>as</strong> lá, <strong>para</strong> além de simbólic<strong>as</strong>, como a Professora<br />

Eneida muito bem colocou, são reais, concret<strong>as</strong> e físic<strong>as</strong>. Nesta<br />

cidade de Salvador, onde nós percebemos uma multiplicidade<br />

de vid<strong>as</strong> e, também, um colorido poderoso de cultur<strong>as</strong> tant<strong>as</strong>,<br />

aqui onde os meus chegaram na condição de escravos; aqui onde<br />

durante mais de 500 anos nós lutamos por espaço, a questão é<br />

real, é concreta. Quando nós saímos às ru<strong>as</strong>, com um Reinado<br />

de Congo, era em busca de espaço; quando em 1895 nós levamos<br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> ru<strong>as</strong> a Embaixada Africana, <strong>para</strong> ocupar os espaços centrais<br />

da cidade, durante o carnaval, nós percebíamos, ali, que ali<br />

era um cenário importante, era uma cidade diferenciada; que a<br />

Salvador do carnaval, a Salvador do Dois de Julho e a Salvador<br />

do cotidiano são cidades diferenciad<strong>as</strong>, arrumam-se <strong>para</strong> uma<br />

vida diferenciada, ainda que, no meio dessa dimensão da cultura<br />

e da festa, tem alguém que trabalhe, que venda alguma coisa,<br />

que prenda o outro ou que tente manter a segurança, enfim.<br />

diversidade e cultur<strong>as</strong> urban<strong>as</strong>: uma breve reflexão 183

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!