19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

162 paola berenstein jacques<br />

de uma suposta «identidade», principalmente pelo processo<br />

de pacificação dos conflitos. Essa é a ideia central que eu gostaria<br />

de tentar levantar aqui nos meus 10 minutos de fala: a ideia<br />

de que, tanto a construção e a legitimação de cultur<strong>as</strong>, quanto<br />

de espaços urbanos, e, em particular, dos espaços públicos n<strong>as</strong><br />

cidades, estão b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> na ideia de conflito, e que <strong>para</strong> mim a<br />

diversidade não é algo simples, muito menos pacífico, m<strong>as</strong> sim<br />

algo conflituoso e complexo, e que é exatamente a partir dessa<br />

tensão, entre diferenç<strong>as</strong>, que são tecid<strong>as</strong> <strong>as</strong> possibilidades de<br />

criação e de transformação, tanto d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>, quanto d<strong>as</strong> cidades,<br />

ou seja, <strong>as</strong> possibilidades de ação e de negociação d<strong>as</strong> mais<br />

divers<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> urban<strong>as</strong>.<br />

Bom, eu vou falar um pouco dessa questão da espetacularização<br />

d<strong>as</strong> cidades contemporâne<strong>as</strong>... Eu não estava pensando em<br />

bater de novo nessa tecla, que eu insisto sempre, m<strong>as</strong> depois da<br />

discussão na mesa de ontem, e como eu tenho vários alunos aqui,<br />

eu acho que é preciso falar um pouco desse processo, que está<br />

cada vez mais explícito... escutamos muito falar em cidade-museu,<br />

cidade genérica, cidade-parque-temático, cidade-shopping,<br />

em resumo: cidade-espetáculo. A fórmula p<strong>as</strong>sou a ser conhecida<br />

de todos os discursos contemporâneos, qu<strong>as</strong>e esquizofrênicos:<br />

propost<strong>as</strong> preservacionist<strong>as</strong> <strong>para</strong> os centros históricos, que se<br />

tornam receptáculos de turist<strong>as</strong>, e construção de novos bairros<br />

fechados, n<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de expansão periféric<strong>as</strong>, que se tornam produtos<br />

<strong>para</strong> a especulação imobiliária. Muit<strong>as</strong> vezes os atores e<br />

patrocinadores dest<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> também são os mesmos, <strong>as</strong>sim<br />

como é semelhante a não-participação da população em su<strong>as</strong><br />

formulações (cada vez mais é encenada uma pseudoparticipação,<br />

burocrática, <strong>para</strong> legitimação), e a gentrificação (enobrecimento,<br />

com expulsão da população mais pobre) d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, como resultado,<br />

demonstrando que <strong>as</strong> du<strong>as</strong> correntes antagônic<strong>as</strong> são faces<br />

de uma mesma e única moeda: a mercantilização espetacular<br />

d<strong>as</strong> cidades.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!