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o presente p<strong>as</strong>sa e o p<strong>as</strong>sado, enquanto memória, duração, continua<br />
coexistindo, inclusive, no seio d<strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong> avançad<strong>as</strong>,<br />
que dispõem de um imenso e incontrolável acervo de informações<br />
de difícil manejo, permitindo, <strong>as</strong>sim, um acelerado processo<br />
de insegurança e, portanto, a emergência de um sentimento de<br />
perda, no sentido de provocar o efeito da desmemorização.<br />
Em relação às cidades, no final da década de 60, particularmente<br />
na Europa e nos Estados Unidos, emerge de forma indelével,<br />
a preocupação com a restauração de velhos centros históricos,<br />
permitindo a adoção da expressão “cidade museu”. Atitude esta<br />
que se propagou em diversos países, enquanto empreendimento<br />
visando preservar o legado patrimonial, a herança cultural. Essa<br />
preocupação de preservar a memória urbana, também alcançou o<br />
nosso País. É oportuno lembrar a criação do “Programa <strong>Cidades</strong><br />
Históric<strong>as</strong>”, no início da década de 70, com a realização de um<br />
seminário em Salvador.<br />
Todavia, torna-se necessário caracterizar, no atual estágio da<br />
preservação da memória, o uso político que se faz dessa herança<br />
patrimonial. Uso este b<strong>as</strong>tante variado, envolvendo p<strong>as</strong>sados<br />
míticos, polític<strong>as</strong> conservador<strong>as</strong> e fundamentalist<strong>as</strong>, até mesmo<br />
tendênci<strong>as</strong> de resgatar memóri<strong>as</strong> contra a política de regimes<br />
totalitários, processos de reconciliações nacionais, anisti<strong>as</strong> oficiais<br />
e evidenciar sistem<strong>as</strong> repressivos. De fato, constata-se, hoje,<br />
uma obsessão pela memória – e isso, no seio da proliferação de<br />
informações e acontecimentos –, ao mesmo tempo que uma<br />
preocupação com o perigo do esquecimento. Tal fato vem permitindo<br />
o estabelecimento de estratégi<strong>as</strong> de sobrevivência do<br />
legado patrimonial e, também, o convívio com a comercialização<br />
do p<strong>as</strong>sado, em diferentes níveis, ou seja, o p<strong>as</strong>sado, a memória<br />
enquanto mercadoria. A comercialização e a banalização da memória<br />
vêm promovendo um sentimento profundo, marcado, de<br />
um lado, por uma preocupação relacionada com o medo da perda,<br />
do esquecimento, e, do outro, pela euforia da espetacularização<br />
72 p<strong>as</strong>qualino romano magnavita