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Políticas Culturais para as Cidades

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O que se engendra na década de oitenta em Salvador é uma<br />

coisa grave, gravíssima. E o mais curioso é que boa parte dessa<br />

produção vem exatamente dos setores populares, que geralmente<br />

somem no meio dessa história e quem p<strong>as</strong>sa a aparecer<br />

são somente <strong>as</strong> grandes estrel<strong>as</strong> do axé. Tem que se minerar <strong>para</strong><br />

encontrar a qualidade. Se você convive efetivamente com música,<br />

e os grandes músicos, <strong>as</strong>sim como os grandes poet<strong>as</strong>, ficam<br />

obscurecidos, como um Florisvaldo Mattos, um Miguel Carneiro,<br />

tão desconhecido.<br />

Esse período foi um dos mais terríveis que nós tivemos. Bom,<br />

de qualquer sorte esse mercado empregou muita gente, m<strong>as</strong><br />

sempre de forma desigual, isso é muito grave, isso é muito sério,<br />

é uma coisa que merece uma reflexão mais profunda.<br />

Só <strong>para</strong> fechar, porque acho que o mais importante de um<br />

encontro como esse é o debate que diz respeito ao espaço, uma<br />

coisa muito, muito grave que aconteceu, principalmente a partir<br />

da década de 50, foi exatamente o fato dos grandes terreiros,<br />

importantes terreiros de Candomblé serem empurrados de algum<strong>as</strong><br />

regiões e ficarem como que atômicos na cidade, em busca<br />

do espaço mato – porque um terreiro que se preze tem que ter o<br />

espaço mato. A cidade começou a ficar toda cimentada, os terreiros<br />

da região de São Caetano, e outros, vão pra lá, pra Estrada do<br />

Coco, não tinha mais espaço. Os tradicionais terreiros sufocados,<br />

como efetivamente produzir e viver, vivenciar e partilhar com<br />

o sagrado, se você não tem o espaço mato?<br />

diversidade e cultur<strong>as</strong> urban<strong>as</strong>: uma breve reflexão 187

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