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62 frederico mendonça<br />
Quero dar continuidade ao que o Eugênio Lins falou, m<strong>as</strong><br />
destacando um tema com o qual temos nos defrontado desde que<br />
cheguei ao ipac, no começo do ano p<strong>as</strong>sado: o que é patrimônio,<br />
n<strong>as</strong> divers<strong>as</strong> cidades que nós estamos percorrendo, neste “país”<br />
chamado Bahia? Temos observado que vári<strong>as</strong> cidades de porte<br />
médio têm sentido um fluxo econômico mais dinâmico e uma<br />
pressão imobiliária, ambos acompanhados, em alguns c<strong>as</strong>os,<br />
pela demanda <strong>para</strong> que o órgão de Patrimônio do Estado vá em<br />
socorro dess<strong>as</strong> prefeitur<strong>as</strong>; em outros c<strong>as</strong>os, <strong>as</strong> prefeitur<strong>as</strong> não<br />
querem conversa e já vão fazendo transformações, modernizações,<br />
o que nos coloca, enquanto órgãos de patrimônio, com<br />
uma super-responsabilidade.<br />
O que é patrimônio num contexto em que a sociedade se torna<br />
muito mais fragmentada e em que <strong>as</strong> questões acontecem numa<br />
velocidade que nos indica que não estamos mais no século xix?<br />
Como o Eugênio Lins pontuou, no Br<strong>as</strong>il, a ideologia de patrimônio<br />
está conectada à noção de identidade nacional. A noção<br />
de identidade continua muito colada à de patrimônio, <strong>as</strong>sim<br />
como à herança. O patrimônio é uma herança, é uma referência.<br />
M<strong>as</strong> como é que a gente vai falar de referênci<strong>as</strong> num mundo que<br />
está mudando tão rapidamente e de forma tão fragmentada?<br />
A dicotomia entre a cultura popular e a cultura de m<strong>as</strong>sa está no<br />
cerne dessa questão.<br />
A cultura de m<strong>as</strong>sa é muito homogeneizadora e o padrão de<br />
urbanização que ela traz, também é homogeneizador. Vejamos<br />
os lançamentos do mercado imobiliário em Salvador. Com algum<br />
atr<strong>as</strong>o, estamos importando uma tendência de urbanização<br />
que é completamente atomizada, que não dialoga com a cidade.<br />
Então, quando a gente fala de cultura n<strong>as</strong> cidades, de quais<br />
grupos culturais nós estamos falando? De que tipo de cultura?<br />
Porque a cultura fica muito diversificada. Cada grupo social,<br />
nesse momento em que se fala da diversidade que é a nossa formação<br />
social, reivindica su<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> identitári<strong>as</strong> e culturais,