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desses espaços geométricos riscados <strong>para</strong> a comunidade. Devido<br />
a seu caráter confessional, mais tarde ali se instalaram <strong>as</strong> irmandades<br />
de Santo Domingo e São Pedro dos Clérigos. A Praça do<br />
Comércio, atual Associação Comercial da Bahia, com seu jardim,<br />
que chegava até a baía, foi outro desses espaços privilegiados,<br />
ainda que restrito a uma cl<strong>as</strong>se social. Tivemos também uma<br />
série de mirantes <strong>para</strong> a baía, como o P<strong>as</strong>seio Público, <strong>as</strong> praç<strong>as</strong><br />
dos Aflitos, Santo Antonio Além do Carmo e Lapinha. O último<br />
espaço público de certa importância incorporado à cidade foi o<br />
Campo Grande, na transição do século xix <strong>para</strong> o xx.<br />
Um exemplo muito interessante de organização barroca do<br />
espaço urbano é a Igreja do P<strong>as</strong>so, um templo muito grande em<br />
uma ruazinha estreita. Sua irmandade comprou <strong>as</strong> c<strong>as</strong><strong>as</strong> defronte<br />
e criou uma bela escadaria que não só liga du<strong>as</strong> ru<strong>as</strong> como cria<br />
uma perspectiva <strong>as</strong>cendente, que monumentaliza sua igreja.<br />
Outra irmandade, a do Senhor do Bonfim, com enorme sentido<br />
urbano e cidadão, financiou a abertura da Av. dos Dendezeiros,<br />
<strong>para</strong> criar um acesso e perspectiva de sua igreja, além de urbanizar<br />
a praça fronteiriça e oferecer c<strong>as</strong><strong>as</strong> <strong>para</strong> romeiros. Poderíamos<br />
falar inclusive de monumentos que são pequenos, como a Cruz<br />
do P<strong>as</strong>coal, m<strong>as</strong> que polarizam e ordenam espaços desajeitados<br />
como o que ele está implantado. Este é também o c<strong>as</strong>o da torre de<br />
N. S. do Rosário dos Pretos que sinaliza a antiga Porta do Carmo,<br />
através da Rua Alfredo Brito.<br />
Até a primeira metade do século xx ainda se nota uma preocupação<br />
dos administradores públicos pelos espaços públicos.<br />
Em 1950, o Escritório do Planejamento Urbanístico da Cidade<br />
do Salvador (epucs) criou uma dos espaços mais belos da cidade,<br />
a Avenida Centenário. Esta preocupação paisagística e estética<br />
perde-se completamente n<strong>as</strong> demais avenid<strong>as</strong> de vale, abert<strong>as</strong><br />
a partir da década de 70. Depois disso, não se fizeram mais praç<strong>as</strong><br />
com preocupação paisagística em Salvador. As nov<strong>as</strong> urbanizações<br />
não possuem praç<strong>as</strong>, como o Centro Administrativo<br />
cultura e cidade 91