You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
38 ubiratan c<strong>as</strong>tro de araújo<br />
territorializar. Os m<strong>as</strong>sacres são intimidação da população local,<br />
de áre<strong>as</strong> populares indefes<strong>as</strong>, Mussurunga, Garcia, Engenho<br />
Velho da Federação, Paripe, Bairro da Paz. O que eles querem é<br />
exatamente governar esses espaços.<br />
Qual é o grande desafio <strong>para</strong> nós? Como fazer com que esse<br />
povo, que virou <strong>as</strong> cost<strong>as</strong> <strong>para</strong> a política, volte a se integrar a<br />
uma nova política, que não seja a do aprisionamento de grandes<br />
m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> sob o controle do capital ou de outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de controle<br />
m<strong>as</strong>sivo? Que a gente construa caminhos culturais que respeitem<br />
a diversidade dessa população e que p<strong>as</strong>sem a incorporá-la,<br />
não enquanto grande m<strong>as</strong>sa a serviço do capital, nem grande<br />
m<strong>as</strong>sa unida pela questão de salário e da condição de cl<strong>as</strong>se, m<strong>as</strong><br />
enquanto segmentos diferenciados que possam ter oportunidades,<br />
tanto de uso de equipamentos como de expressão, formação<br />
e consolidação de identidade.<br />
Hoje, os movimentos sem teto, sem comida, o movimento<br />
negro, movimento d<strong>as</strong> mulheres, todos os movimentos são<br />
movidos pel<strong>as</strong> identidades culturais construíd<strong>as</strong>, pel<strong>as</strong> solidariedades<br />
que decorrem del<strong>as</strong>. Est<strong>as</strong> solidariedades somam-se à<br />
pauta de interesses materiais que podem uni-los: trabalho, renda<br />
e moradia. Esse é um grande desafio <strong>para</strong> todos nós, da área de<br />
cultura. A cultura hoje está no centro de um novo padrão de luta<br />
de cl<strong>as</strong>ses. Não teremos nunca mais operários organizados, como<br />
antigamente, em torno somente da cgt, e d<strong>as</strong> grandes centrais<br />
sindicais. Teremos, sim, que constituir redes de movimentos<br />
sociais diferenciados, identificados com característic<strong>as</strong> culturais<br />
específic<strong>as</strong> que possam, a partir del<strong>as</strong>, interferir na política e<br />
voltar a dirigir a cidade.