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1<br />
deleuze, Gilles.<br />
Diferença e repetição.<br />
São Paulo: Graal, 1988.<br />
A título de provocação, confesso que fico cada vez mais preocupado,<br />
de tanto ouvir, a cada momento e em diferentes discursos<br />
proferidos, tanto aqui, como em outros eventos e momentos,<br />
e no seio da Universidade, e isso, com exaustiva frequência, em<br />
diferentes níveis profissionais e políticos. Refiro-me ao uso<br />
recorrente da palavra identidade. Confesso que esse apelo repetitivo<br />
a tal expressão me irrita! A cada momento, ela aparece<br />
n<strong>as</strong> mais imprevisíveis formulações discursiv<strong>as</strong>: identidade da<br />
nação, do Estado, da cidade, do bairro, de um partido político,<br />
de movimentos sociais, do negro, do índio, entre outros apelos<br />
ao conceito de identidade. Trata-se, pois, de palavra-chave, que<br />
se configura na grande maioria de discursos e pronunciamentos,<br />
pois, em cada parágrafo, ela reaparece, e isso, no sentido de sua<br />
afirmação, ou então, revelando a preocupação com o medo de<br />
sua perda.<br />
Conceito válido apen<strong>as</strong> no mundo da representação, ou seja,<br />
do universo macro, e isso, apen<strong>as</strong> enquanto exterioridade do ato<br />
perceptivo. Trata-se de um reconhecimento, uma recognição.<br />
Então, o que seria essa identidade tão evocada? Trata-se, sem dúvida,<br />
da palavra mais recorrente em diferentes discursos, e isso,<br />
tanto por parte dos excluídos quanto pelos que detêm o poder.<br />
Vale ressaltar que, no sentido filosófico, o conceito de identidade<br />
integra o conjunto dos quatros tópicos que constituem, segundo<br />
Gilles Deleuze 1 , <strong>as</strong> “ilusões” do mundo da representação.<br />
Identidade do conceito seria um deles e resultante da forma de<br />
pensar, herdada da Modernidade, e que se equivale como tal à<br />
expressão matemática A=A.<br />
Os outros tópicos são: analogia do juízo, oposição dos predicados<br />
e semelhança do percebido. Exemplificando: no universo<br />
macro (molar) do mundo da representação, da exterioridade,<br />
pressupõe-se que um indivíduo é idêntico a si mesmo (embora<br />
em sua existência, ele se diferencie, se transforme, pois, não<br />
permanece o mesmo). Analogicamente, afirmamos que “a cidade<br />
68 p<strong>as</strong>qualino romano magnavita