Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
80 valdina pinto<br />
Tem que se atentar <strong>para</strong> isso, tem que se ver que tinta é essa que<br />
estão botando no camarão, que não é camarão defumado, <strong>para</strong><br />
fazer <strong>as</strong> comid<strong>as</strong> que são da culinária afrobaiana, da culinária<br />
do Recôncavo, porque, se a gente for pelo sertão afora, a gente<br />
não vai ver esse tipo de culinária. Culinária baiana a gente talvez<br />
ainda tenha muito que pesquisá-la. A gente tem que ver muito<br />
por esses interiores da Bahia, <strong>para</strong> ver ess<strong>as</strong> interações que ocorreram<br />
entre negros, índios e brancos, principalmente do negro<br />
com o índio, e aí fica falando em comida baiana, comida baiana,<br />
que baiana? Comida do Recôncavo, que a comida, a culinária<br />
baiana a gente ainda não fez estudo, eu acho que ainda não fez;<br />
está na hora de fazer.<br />
Uma outra coisa que eu queria chamar a atenção aqui é o patrimônio<br />
que deve ser, precisa, merece ser pesquisado, é o patrimônio<br />
linguístico do Br<strong>as</strong>il e aí particularizando <strong>para</strong> a Bahia. Até a<br />
professora Ieda Pessoa de C<strong>as</strong>tro tem um estudo, m<strong>as</strong> ainda no<br />
âmbito do Recôncavo. Eu acho que a gente não pode perder de<br />
vista, nessa intenção, nessa motivação que tem o Governo, agora,<br />
de a gente contemplar isso, de a gente pesquisar esse linguajar por<br />
aí, por todo esse Estado, o que a gente construiu juntos. Sempre<br />
eu falo de negro e de índio porque <strong>as</strong>sim: falam da cultura negra,<br />
cultura negra, cultura negra e herança africana e aí se resume<br />
no Recôncavo, é só Recôncavo... a religiosidade de matriz africana<br />
é diversa, à medida que a gente tiver um olhar mais amplo,<br />
como ela se expressa, como ela se manifesta, por essa Bahia afora,<br />
a gente vai ver muit<strong>as</strong> interações com os indígen<strong>as</strong> e a gente não<br />
vai ver por aí “ah, não tem, não tem, não tem”. Uma vez, falando<br />
com um amigo, ele me disse: a gente andando por aí, nesses<br />
quilombos, não encontra mais muita coisa de africano. Talvez<br />
ele não tenha encontrado, pela sua visão centrada, como a gente<br />
é aqui no Recôncavo, aqui em Salvador, m<strong>as</strong> vai encontrar sim,<br />
só precisa ser pesquisado, estudado de forma mais aprofundada.<br />
Então, tem muita coisa e tudo isso <strong>para</strong> mim é patrimônio mate-