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perspectiva, quando abordamos a problemática cultural projetivamente.<br />
Entretanto, entendo que uma política cultural<br />
<strong>para</strong> esta cidade deve, incontornavelmente, incidir sobre este<br />
quadro, deve articular-se com outros domínios da cidade, outros<br />
domínios da gestão pública, como, por exemplo, a educação, a<br />
esfera jurídica e mesmo a questão da saúde. Não é tão difícil<br />
imaginar ações e met<strong>as</strong> de uma política cultural <strong>para</strong> Salvador<br />
que tenha como pressuposto a articulação entre aqueles que<br />
pensam e gerem a cultura e a Secretaria de Justiça, a Secretaria<br />
de Educação, a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Segurança<br />
Pública, os órgãos, governamentais ou não, que se ocupam com<br />
os direitos humanos.<br />
Este é o meu palpite nesta discussão sobre propost<strong>as</strong> de nov<strong>as</strong><br />
polític<strong>as</strong> culturais <strong>para</strong> Salvador, no momento em que se<br />
cogita de uma alteração na gestão da cidade: a principal política<br />
cultural deveria dizer respeito a ações articulad<strong>as</strong>, entre<br />
dimensões e espaços diferentes da gestão e da reflexão sobre a<br />
cidade, que tivessem como alvo a sua imagem sedimentada e<br />
o seu substrato socioeconômico. A nossa vivência cultural de<br />
Salvador de alguma maneira nos faz esquecer, ou no mínimo<br />
tolerar cotidianamente, o <strong>para</strong>doxo de toda uma construção<br />
cultural, centrada na ancestralidade africana, que se alimenta,<br />
inclusive se enriquece, de uma convivência social profundamente<br />
maculada pela discriminação, pelo racismo, frequentemente<br />
por uma violência mortal, contra aqueles mesmos jovens negros<br />
que, em momentos específicos, fazem a cidade dançar e sorrir.<br />
a cultura da cidade 171