19.04.2014 Views

Políticas Culturais para as Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

FBPoliticasCulturais_Cidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ém se pareçam cada vez mais, como se form<strong>as</strong>sem tod<strong>as</strong> uma<br />

única imagem: paisagens urban<strong>as</strong> idêntic<strong>as</strong>, ou talvez mesmo,<br />

como diz o arquiteto holandês Rem Koolha<strong>as</strong> (em forma de<br />

elogio), genéric<strong>as</strong>.<br />

O modelo de gestão patrimonial mundial, por exemplo, segue<br />

a mesma lógica de homogenização: ao preservar áre<strong>as</strong> históric<strong>as</strong>,<br />

de forte importância cultural local, utiliza norm<strong>as</strong> de intervenção<br />

internacionais que não são pensad<strong>as</strong> nem adaptad<strong>as</strong> de<br />

acordo com <strong>as</strong> singularidades locais. Assim, esse modelo acaba<br />

tornando tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> – em diferentes países, de cultur<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> mais divers<strong>as</strong> – cada vez mais semelhantes entre si. Seria um<br />

processo de museificação urbana em escala global: e <strong>as</strong>sim os<br />

turist<strong>as</strong> acabam visitando <strong>as</strong> cidades dit<strong>as</strong> históric<strong>as</strong> ou culturais<br />

do mundo todo como se visit<strong>as</strong>sem um gigantesco e único<br />

museu. As intervenções contemporâne<strong>as</strong> sobre os territórios<br />

históricos ou culturais obedecem a um ritmo de produção de<br />

exibicionismo cultural promovido pel<strong>as</strong> cidades, o que cria uma<br />

superabundância mundial de cenários e simulacros <strong>para</strong> turist<strong>as</strong>,<br />

a exemplo de L<strong>as</strong> Veg<strong>as</strong>, ou, hoje, Dubai.<br />

Nos centros d<strong>as</strong> cidades, <strong>as</strong> memóri<strong>as</strong> d<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> locais<br />

perdem-se, pois, na maior parte d<strong>as</strong> vezes, a própria população<br />

local é expulsa do local da intervenção, pelo já citado processo<br />

de gentrificação, e, em seu lugar, são criados grandes cenários,<br />

como já ocorreu aqui no c<strong>as</strong>o do Pelourinho. N<strong>as</strong> periferi<strong>as</strong> ric<strong>as</strong>,<br />

n<strong>as</strong> nov<strong>as</strong> Alphavilles, isso nem chega a ocorrer, uma vez que<br />

est<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> já são projetad<strong>as</strong> dentro de uma ideia de segregação<br />

espaço-social bem clara, e ainda oferecem um nível de vigilância<br />

total, também dentro de um padrão internacional de segurança<br />

e da dita “sustentabilidade” (outra palavra da moda a ser questionada,<br />

como a tal identidade), que serve como justificativa <strong>para</strong><br />

um amplo processo de privatização de espaços públicos e áre<strong>as</strong><br />

verdes, o que vem ocorrendo de forma sistemática na maioria<br />

d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de expansão d<strong>as</strong> cidades contemporâne<strong>as</strong>.<br />

not<strong>as</strong> sobre cidade e cultura 165

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!