You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
54 clímaco di<strong>as</strong><br />
ramente culturais, quando eu estou falando verdadeiramente<br />
culturais são expressões que estão colad<strong>as</strong> no cotidiano de uma<br />
comunidade, de um bairro, de uma cidade, ess<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> expressões<br />
p<strong>as</strong>sam ao largo dess<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> culturais. Então, esse<br />
patrimônio acaba negligenciado. Quer ver um patrimônio que<br />
estamos vendo se esvair: estamos perdendo numa velocidade<br />
imensa, por conta disso, <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> fest<strong>as</strong> de largo, por<br />
quê? Porque a cultura de m<strong>as</strong>sa não se interessou pela festa de<br />
largo e quando se interessou o modelo dela não se adequava e,<br />
hoje, a festa de largo desapareceu, ou minguou, no nosso cenário.<br />
Então, são form<strong>as</strong> de polític<strong>as</strong> que eu acho que podem ser<br />
concebid<strong>as</strong> como antídoto, m<strong>as</strong> que antídoto teríamos <strong>para</strong> isso?<br />
Eu aqui falo da cultura popular, não estou falando da cultura<br />
da cl<strong>as</strong>se média, que a cultura da cl<strong>as</strong>se média tem muita gente<br />
cuidando dela. Se bem que a cl<strong>as</strong>se média tem um papel importante<br />
nessa chamada preservação da cultura popular em Salvador.<br />
Eu acho que estamos p<strong>as</strong>sando por um momento grave n<strong>as</strong><br />
metrópoles br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>, pois a cultura popular tem uma produção<br />
de rua. E no Br<strong>as</strong>il a gente acaba com a rua, a cada dia, e aqui tem<br />
muito arquiteto que discute isso, qu<strong>as</strong>e todo dia, a rua como ponto<br />
de encontro, a rua como ponto de efervescência. Então, Salvador<br />
p<strong>as</strong>sa por um momento de violência de gangues, violência que é<br />
uma disputa pelo centro, m<strong>as</strong> isso é outra discussão. Essa disputa<br />
d<strong>as</strong> gangues pelo centro da cidade, sendo o centro uma faixa litorânea<br />
e <strong>para</strong>lela, que restringe, de certa forma, a possibilidade da<br />
rua, a possibilidade do encontro, a possibilidade desse cotidiano.<br />
E se a segurança p<strong>as</strong>sa a ser uma questão crucial, nós ficamos cada<br />
dia mais vulneráveis a essa chamada cultura de m<strong>as</strong>sa no carnaval,<br />
essa cultura de apropriação, essa cultura da corda, do camarote<br />
e do baile privado. A cultura que fez um modelo de carnaval que<br />
agora está em crise e não acha solução <strong>para</strong> este modelo.<br />
Em linh<strong>as</strong> gerais, eu diria que nós estamos atualmente em um<br />
momento de crise n<strong>as</strong> cidades, principalmente quando se fala