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Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...

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103<br />

<strong>de</strong>senvolvimento – entre elas as psicóticas e autistas. Em que pese a diferença da<br />

constituição subjetiva <strong>de</strong>ssas crianças e outros quadros <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência intelectual,<br />

foco do nosso estudo, achamos pertinente trazer essa referência, ainda que breve,<br />

pois elas também são consi<strong>de</strong>radas portadoras <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s educativas especiais.<br />

Além disso, acreditamos que, <strong>em</strong> qualquer caso, está <strong>em</strong> jogo o posicionamento ético<br />

<strong>de</strong> pais e educadores <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que o <strong>de</strong>sejo da própria criança <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />

estar entre outras <strong>de</strong>ve ser o principal motivo <strong>de</strong> sua entrada na escola.<br />

Kupfer (2001, 2005), psicanalista <strong>com</strong> ampla experiência no tratamento <strong>de</strong> crianças<br />

psicóticas e autistas, acredita que ela é benéfica para a gran<strong>de</strong> maioria das crianças,<br />

especiais ou não, mas não para todas. Só o estudo <strong>de</strong> cada caso po<strong>de</strong>rá dizer para<br />

qu<strong>em</strong> servirá a escola. Segundo a autora (2005, p.24), a escola só será benéfica para<br />

as crianças psicóticas, “… se, e apenas se, funcionar <strong>com</strong>o operador <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong><br />

igualda<strong>de</strong>, da Lei – que, para elas, ainda não existe”. Já para as crianças autistas,<br />

“algumas terão gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> aceitar o barulho e a ‘invasivida<strong>de</strong>’ dos outros<br />

ao redor. Esse é um custo que po<strong>de</strong> ser, <strong>em</strong> alguns casos, maior que o benefício” (p.<br />

25).<br />

Porém, ainda que teça essas consi<strong>de</strong>rações sobre a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada caso,<br />

Kupfer (2001, p.80) é primorosa ao <strong>de</strong>finir sua posição <strong>em</strong> favor da inclusão:<br />

A inclusão precisa ser feita <strong>de</strong> modo a preservar um princípio ético do qual<br />

andamos meio esquecidos – o direito <strong>de</strong> todos à vida – e produz ainda, efeitos<br />

terapêuticos para a criança cuja subjetivação encontra obstáculos que um<br />

velho pátio <strong>de</strong> escola ainda po<strong>de</strong> ajudar a transpor.<br />

Como b<strong>em</strong> l<strong>em</strong>bra Voltolini (2005), os que trabalham direta ou indiretamente <strong>com</strong> a<br />

questão da inclusão têm chances <strong>de</strong> sobra para perceber que é um campo repleto <strong>de</strong><br />

paradoxos e impasses difíceis <strong>de</strong> manejar. A nosso ver, reconhecê-los é o caminho<br />

possível para enfrentá-los, pois, fala-se muito <strong>em</strong> aceitação das diferenças, porém,<br />

freqüent<strong>em</strong>ente, mais no sentido <strong>de</strong> tolerá-las do que <strong>de</strong> reconhecer verda<strong>de</strong>iramente<br />

a importância da <strong>diversida<strong>de</strong></strong> na sala <strong>de</strong> aula e na vida cotidiana.

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