Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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alfabética. Já outra nos disse que sofreu muito – essa foi a palavra utilizada – diante<br />
da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> reter a criança, apesar <strong>de</strong> avaliar as conseqüências negativas <strong>de</strong> ela ser<br />
separada do grupo no qual já tinha conquistado um espaço e apoio:<br />
Mas eu não pu<strong>de</strong> aprovar esse menino porque ele ia sofrer muito<br />
mais sendo aprovado porque qu<strong>em</strong> ia receber talvez não tivesse<br />
preparado para enten<strong>de</strong>r isso. E pra fazer um trabalho diferenciado<br />
<strong>com</strong> ele enten<strong>de</strong>u? Então ele continuando no mesmo ano, (…) os<br />
projetos iam ser diferentes, ele não ia ficar na mesmice (…) Mas e o<br />
grupo? E o vínculo que ele já tinha estabelecido <strong>com</strong> essa turma, que<br />
antes batia nele, que não respeitava e que passou a respeitar, passou<br />
a aceitar <strong>com</strong>o ele era, então uma série <strong>de</strong> fatores assim, que precisa<br />
ser analisados na escola.<br />
Além <strong>de</strong> dúvidas <strong>de</strong> <strong>com</strong>o “ocupar o t<strong>em</strong>po” <strong>de</strong> alunos que não consegu<strong>em</strong> fazer as<br />
ativida<strong>de</strong>s previstas no planejamento e <strong>de</strong> estar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre preocupadas <strong>em</strong> “<strong>com</strong>o<br />
manter essa criança na sala”, aparec<strong>em</strong> também relatos que <strong>de</strong>notam uma certa<br />
confusão sobre <strong>com</strong>o tratar essas crianças. São invocadas tanto a igualda<strong>de</strong>, quanto a<br />
diferença. Isto é, ora são impostas regras iguais para todos, negando-se uma óbvia<br />
diferença, ora afirma-se o respeito às diferenças, mas adotando uma postura que po<strong>de</strong><br />
ser consi<strong>de</strong>rada superprotetora ou assistencialista.<br />
… aí eu tratava <strong>com</strong> qualquer outro menino até porque eu não fui<br />
trabalhada para fazer diferente, então exigia <strong>de</strong>les da mesma forma<br />
que eu exigia dos outros. N<strong>em</strong> estava certo, n<strong>em</strong> estava errado, né?<br />
Botei uma ca<strong>de</strong>irinha e uma mesinha do meu lado e ela sentava todos<br />
os dias ali, todo mundo sabia que aquela ca<strong>de</strong>ira e aquela mesa eram<br />
<strong>de</strong> D. e ninguém podia sentar. Quer dizer, ela chegava na escola e<br />
teve até o respeito dos outros.<br />
Embora digam ter aproveitado a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter uma criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência na<br />
sala para tratar do t<strong>em</strong>a do respeito às diferenças, encontramos também a dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> falar sobre a <strong>de</strong>ficiência para os <strong>de</strong>mais alunos.<br />
Eu apresentei ela <strong>com</strong>o uma criança normal, enten<strong>de</strong>u? Eu não <strong>de</strong>ixei<br />
assim b<strong>em</strong> claro pra eles que ela precisava <strong>de</strong> cuidado especial. Eu<br />
disse: ‘V<strong>em</strong> uma nova coleguinha pro grupo, agora eu quero que<br />
vocês tenham cuidado’. Só fiz dizer assim ‘tenham cuidado <strong>com</strong> ela’.<br />
Pronto só fiz dizer isso.<br />
O ex<strong>em</strong>plo a seguir traz uma dúvida muito <strong>com</strong>um sobre <strong>com</strong>o lidar <strong>com</strong> o it<strong>em</strong><br />
“disciplina” <strong>com</strong> as crianças <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência: justifica-se um tratamento diferenciado