Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Eu vejo muito isso. Essa questão mesmo da subjetivida<strong>de</strong> que está ali<br />
muito forte (…) Eu acho que passa muito pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r…<br />
do próprio professor, por isso que eu me coloco s<strong>em</strong>pre na posição <strong>de</strong><br />
aprendiz.<br />
Outra professora fala <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma mais simples, mas não<br />
menos significativa:<br />
S<strong>em</strong>pre que posso eu <strong>com</strong>pro um livro novo. A gente t<strong>em</strong> que estar<br />
s<strong>em</strong>pre buscando melhorar. Eu tenho que me in<strong>com</strong>odar <strong>com</strong> alguma<br />
coisa pra po<strong>de</strong>r buscar a solução para aquilo. Se ficar quieto, já<br />
passou.<br />
Essa inquietação que, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> imobilizar o professor, promove uma maior reflexão<br />
sobre sua prática, também é <strong>de</strong>scrito pela mesma professora que falou sobre o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r. Dessa forma, elas apontam o estudo teórico <strong>com</strong>o o caminho para se<br />
preparar<strong>em</strong> para o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> receber a criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />
No momento <strong>em</strong> que a gente já <strong>com</strong>eça a <strong>de</strong>spertar justamente pra<br />
essa questão da aprendizag<strong>em</strong>, <strong>de</strong> <strong>com</strong>o possibilitar, (…) por que não<br />
po<strong>de</strong> ser qualquer sujeito que está apto a essa aprendizag<strong>em</strong>? Como<br />
fomentar essa aprendizag<strong>em</strong>, <strong>de</strong> que forma ele apren<strong>de</strong>? (…) E <strong>com</strong>o<br />
é que o professor <strong>de</strong>sperta para a aprendizag<strong>em</strong>, que a gente também<br />
não sabe. Aí, eu estou falando <strong>de</strong>ssa coisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir, sabe, <strong>de</strong><br />
tentar ressignificar um monte <strong>de</strong> coisas…<br />
Essas falas são alentadores porque <strong>de</strong>monstram uma visão diferente do que parece<br />
ocorrer costumeiramente entre professores. Torezan (2002) cita vários estudos que<br />
indicam existir uma tendência dos professores analisar<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as da sala <strong>de</strong><br />
aula apenas <strong>com</strong>o probl<strong>em</strong>as relativos à aprendizag<strong>em</strong> e não <strong>com</strong>o relativos também<br />
ao ensino. Ao conceber os processos <strong>de</strong> ensino e aprendizag<strong>em</strong> <strong>com</strong>o processos<br />
separados, os professores passam a atribuir os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> aos<br />
alunos e não ao processo pedagógico, subtraindo <strong>de</strong> si mesmo e da escola a<br />
responsabilida<strong>de</strong> por dificulda<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Já nestas falas, ao<br />
valorizar<strong>em</strong> o estudo teórico e a reflexão <strong>de</strong> sua prática, <strong>de</strong>monstram uma maior<br />
implicação <strong>com</strong> essa gran<strong>de</strong> mazela da educação brasileira, que é o fracasso escolar,<br />
ou, <strong>com</strong>o diria Charlot (2000), as crianças que fracassam na escola.