Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Crochík (2002) acredita que s<strong>em</strong> a<strong>de</strong>são livre, consciente e refletida dos professores,<br />
s<strong>em</strong> a consi<strong>de</strong>ração pela sua experiência, não há proposta educacional que possa ser<br />
b<strong>em</strong> sucedida. Critica a forma impositiva, mas salienta que não se po<strong>de</strong> abdicar da<br />
discussão da proposta. Renña (2005) sustenta que o professor inclusivo t<strong>em</strong> que ser<br />
escolhido a partir do seu <strong>de</strong>sejo, acrescentando que os motivos que levam um<br />
professor a aceitar uma criança diferente na classe são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m consciente e<br />
inconsciente. Relata que sua equipe tinha expectativa <strong>de</strong> que assim proce<strong>de</strong>ndo, não<br />
iam encontrar voluntários; porém, não foi isso que aconteceu. Eis o seu test<strong>em</strong>unho:<br />
“S<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong> alguma pessoa que quer. Nunca alguém falou: ‘ninguém quer’. Não sei<br />
se é porque a gente está junto – <strong>com</strong> certeza é. Não sei se é porque diz<strong>em</strong>os: ‘você<br />
po<strong>de</strong> querer que nós o ajudar<strong>em</strong>os’. É parceria” (p.94).<br />
Em nossa pesquisa, encontramos uma professora que relatou <strong>com</strong>o sua experiência<br />
pessoal foi <strong>de</strong>cisiva para que enveredasse pelo caminho <strong>de</strong> trabalhar <strong>com</strong> crianças<br />
<strong>com</strong> síndrome <strong>de</strong> Down. Ela nos contou a história da perda <strong>de</strong> um sobrinho que só<br />
viveu um dia, e que se tivesse sobrevivido, seria uma criança <strong>com</strong> paralisia<br />
cerebral.Concluiu seu relato sobre este episódio, refletindo que:<br />
E aí t<strong>em</strong> horas que eu me pergunto se eu não estou assim, sabe, nessa<br />
caminhada <strong>de</strong> estar buscando assim as minhas L., os meus C., que<br />
são os meus R. T. [nome do sobrinho] que ficaram, não é? (…) Pra<br />
que eu possa amá-los, respeitá-los, possa possibilitá-los assim, tudo…<br />
Parece que este fato extr<strong>em</strong>amente pessoal, que po<strong>de</strong>ria funcionar <strong>com</strong>o um<br />
impedimento para uns, para ela se transformou num estímulo para trabalhar <strong>com</strong><br />
essas crianças, <strong>com</strong>o se fosse uma forma <strong>de</strong> elaborar o luto pela perda do sobrinho<br />
querido. Por outro lado, no <strong>de</strong>correr da entrevista, ficou evi<strong>de</strong>nciada sua dificulda<strong>de</strong><br />
b<strong>em</strong> maior <strong>de</strong> lidar <strong>com</strong> crianças <strong>com</strong> paralisia cerebral.<br />
No entanto, se somos coerentes <strong>com</strong> a nossa perspectiva <strong>de</strong> valorizar a singularida<strong>de</strong><br />
do sujeito, acreditamos que possam ocorrer casos <strong>em</strong> que o professor sinta-se tão<br />
mobilizado afetivamente frente à <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong>vido às particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua<br />
história <strong>de</strong> vida, que mesmo uma formação a<strong>de</strong>quada não seja suficiente para fazê-lo<br />
se dispor a ensinar crianças <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência.