Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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ponto fértil, porque já que você não vai explorar <strong>de</strong> um lado, você t<strong>em</strong><br />
que explorar <strong>de</strong> outro.<br />
Surgiram também questionamentos próprios <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> está vivenciando esta<br />
experiência no seu cotidiano: <strong>com</strong>o saber se aquele aluno t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong><br />
“absorver” o ensino formal proposto pela escola, ou mais especificamente, ser<br />
alfabetizado?<br />
… às vezes, essa criança não está no momento <strong>de</strong> ser alfabetizada<br />
ainda, t<strong>em</strong> outras questões pra ser<strong>em</strong> trabalhadas. Então essas<br />
informações são importantes pra o professor, até pra ele saber <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> <strong>com</strong>eçar, o que buscar (…) Com A., já pensou se eu fico o t<strong>em</strong>po<br />
todo cobrando algo <strong>de</strong>le, exigindo algo <strong>de</strong>le que, naquele momento,<br />
ele não po<strong>de</strong> me dar e ai eu passei o ano todo investindo <strong>em</strong> algo que<br />
não adiantou?<br />
Especificamente <strong>com</strong> esta professora, foi possível que nos <strong>de</strong>tivéss<strong>em</strong>os mais<br />
profundamente nessa discussão sobre a <strong>de</strong>manda do professor por um diagnóstico,<br />
fazendo algumas pon<strong>de</strong>rações acerca das críticas recorrentes na literatura específica<br />
feitas às avaliações <strong>de</strong> inteligência dissociadas do contexto sócio-cultural daquele<br />
que é avaliado. Instigamos a entrevistada a respon<strong>de</strong>r exatamente para que serviria<br />
um laudo psicológico que atestasse, por ex<strong>em</strong>plo “dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio-lógico<br />
abstrato” que está presente, na verda<strong>de</strong>, <strong>em</strong> qualquer criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />
intelectual, ao t<strong>em</strong>po que o conhecimento sobre níveis <strong>de</strong> escrita é do campo da<br />
pedagogia. A professora respon<strong>de</strong>u então:<br />
… então, eu precisava <strong>de</strong> algumas informações por on<strong>de</strong> <strong>com</strong>eçar, na<br />
verda<strong>de</strong>, não é um diagnóstico pra eu po<strong>de</strong>r a partir <strong>de</strong>le, fazer<br />
alguma coisa, mas é até pra po<strong>de</strong>r ganhar t<strong>em</strong>po mesmo.<br />
Estes trechos apontam para um objetivo que nos parece legítimo: o diagnóstico<br />
médico ou psicológico <strong>com</strong>o informações que auxili<strong>em</strong> o professor a <strong>de</strong>scobrir<br />
potencialida<strong>de</strong>s da criança e, assim, contribuir <strong>de</strong> uma forma mais eficaz para seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento. As dificulda<strong>de</strong>s e limitações precisam ser reconhecidas, mas não<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> conduzir ou restringir o processo <strong>de</strong> ensino e sim incentivá-lo.<br />
Outro ponto que nos parece ser <strong>de</strong> especial importância, se refere a uma reflexão que<br />
as implica mais diretamente nesse processo <strong>de</strong> transformação da escola, é o que uma<br />
<strong>de</strong>las tão b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finiu <strong>com</strong>o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r: