Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Falar da singularida<strong>de</strong> do professor r<strong>em</strong>ete a uma questão polêmica, mas que se<br />
impõe nesta análise, até porque as professoras a mencionaram explicitamente:<br />
trabalhar <strong>com</strong> a inclusão é uma questão <strong>de</strong> escolha pessoal? Algumas professoras<br />
tocaram nesse assunto, ressaltando a importância <strong>de</strong> se ter uma afinida<strong>de</strong> <strong>com</strong> essa<br />
clientela.<br />
T<strong>em</strong> muito professor que não t<strong>em</strong> mesmo afinida<strong>de</strong> pra trabalhar, eu<br />
até entendo, eu prefiro até que seja sincero (…) Então, o que eu<br />
percebo é que <strong>em</strong> primeiro lugar t<strong>em</strong> que ter o querer. T<strong>em</strong> que<br />
<strong>de</strong>sejar trabalhar <strong>com</strong> essas crianças. Depois ou paralelo, não sei, ter<br />
pelo menos uma formação básica.<br />
Então eu aceitei L., ela não foi imposta, não é? Não foi aquela coisa<br />
<strong>de</strong>: é da sua sala e pronto.<br />
Por outro lado, uma frase nos fez pensar <strong>com</strong>o essa escolha po<strong>de</strong> ser relativa:<br />
… se fosse perguntar se ela queria, é lógico que ela ia dizer que não<br />
queria trabalhar, mas já que elas eram alunas da sala <strong>de</strong>la, ela topou<br />
numa boa, só que precisava <strong>de</strong> uma formação…<br />
Esta fala parece indicar que, se partirmos <strong>de</strong> uma escolha individual prévia, antes <strong>de</strong><br />
qualquer contato <strong>com</strong> as crianças ou mesmo <strong>de</strong> uma preparação anterior, corre-se o<br />
risco <strong>de</strong> que a inclusão não aconteça, pois a “lógica” dos professores é não <strong>de</strong>sejar ter<br />
esses alunos <strong>em</strong> suas classes. Mas a professora também aposta na formação para<br />
superar essa resistência. Vimos que as participantes <strong>de</strong>mandam informações para<br />
tornar esta suposta <strong>de</strong>sconhecida – a <strong>de</strong>ficiência – algo mais próximo, menos<br />
assustador. Esta seria uma interpretação possível para a lógica <strong>de</strong> não querer aceitar<br />
um aluno <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência, e nesta perspectiva, bastante <strong>com</strong>preensível, porém<br />
possível <strong>de</strong> ser trabalhada <strong>em</strong> uma formação que abrisse espaço para as fantasias e<br />
angústias do professor.<br />
Na literatura revisada, não encontramos muitas referências a essa questão tão<br />
<strong>de</strong>licada, até porque, <strong>com</strong>o se tratam primordialmente <strong>de</strong> textos que ressaltam mais o<br />
aspecto político-pedagógico do que o psicológico, não se cogita facilmente que um<br />
professor tenha “o direito” <strong>de</strong> recusar um aluno, ainda mais agora que a legislação se<br />
posiciona a favor da inclusão.