Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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L. na minha sala (…) é uma lí<strong>de</strong>r. (…) Eu acho incrível <strong>com</strong>o no<br />
recreio ela organiza brinca<strong>de</strong>iras e as outras crianças segu<strong>em</strong>, s<strong>em</strong><br />
nenhum probl<strong>em</strong>a, assim, <strong>de</strong> nada.<br />
Eu me l<strong>em</strong>bro do recurso <strong>de</strong> Rapunzel. Ele [o aluno] <strong>com</strong>eçou a me<br />
contar a história <strong>de</strong> Rapunzel, on<strong>de</strong> Rapunzel era um menino e esse<br />
menino ficava preso numa gaiola e ia uma mulher visitar esse menino<br />
na gaiola. Ele <strong>com</strong>eçou a viajar na história e eu <strong>com</strong>ecei a perceber<br />
que essa história tinha um fundo real. Aí eu registrei a história toda e<br />
<strong>de</strong>pois fiquei sabendo que era o pai <strong>de</strong>le que estava preso e a mãe que<br />
tinha ido visitar e ele conseguiu botar isso pra fora através do conto,<br />
não é? (…) Eu achei interessante <strong>com</strong>o ele fez essa relação.<br />
Ou ainda<br />
Todo dia que ele v<strong>em</strong> pra escola, s<strong>em</strong>pre chega atrasado, ele vai <strong>de</strong><br />
mesa <strong>em</strong> mesa falar <strong>com</strong> o colega, ele t<strong>em</strong> que pegar na mão e falar<br />
<strong>com</strong> o colega, às vezes atrapalha até a aula (…) mas esse ano eu<br />
<strong>de</strong>ixei até porque é uma forma das relações, dos vínculos que ele tá<br />
criando <strong>com</strong> os amigos.<br />
Perceb<strong>em</strong>os que essas professoras incorporam à educação das crianças o seu<br />
conhecimento sobre a vida <strong>de</strong>la, seus interesses e preferências. Isso r<strong>em</strong>ete a outro<br />
ponto fundamental da educação inclusiva que é a valorização da singularida<strong>de</strong> do<br />
aluno, que implica <strong>em</strong> enxergar que ali há uma criança, um sujeito, que é portador <strong>de</strong><br />
uma <strong>de</strong>ficiência, mas que não se confun<strong>de</strong> <strong>com</strong> ela. Assim, uma postura que valoriza<br />
as <strong>com</strong>petências da criança, para além da <strong>de</strong>ficiência, parece ser fundamental <strong>em</strong> um<br />
professor inclusivo.<br />
A <strong>de</strong>ficiência mental <strong>de</strong> L. não po<strong>de</strong> ser um fator paralisante pra mim.<br />
Eu preciso saber que <strong>de</strong>ficiência é essa, esse grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência que<br />
ela t<strong>em</strong>, pra eu a<strong>de</strong>quar a minha metodologia para o aprendizado<br />
<strong>de</strong>la, mas primeiro, antes <strong>de</strong> tudo, eu tenho que ver L., a pessoa <strong>de</strong> L.,<br />
qu<strong>em</strong> é L., o que é que interessa a ela, o que faz b<strong>em</strong> a ela, é, que<br />
habilida<strong>de</strong>s ela já possui.<br />
Outra professora <strong>de</strong>finiu o respeito ao ritmo individual <strong>com</strong>o sendo a principal<br />
“mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>” que precisa acontecer para que uma escola coloque <strong>em</strong><br />
prática a educação inclusiva.<br />
Eu acredito que é uma coisa pessoal, a mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> é<br />
muito pessoal (…) Agora eu acho que o principal mesmo é você<br />
enten<strong>de</strong>r que o avanço, ele também é individual.