Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Retomando a relação professor/aluno, constatamos que, na medida <strong>em</strong> que apresenta<br />
um déficit orgânico real que dificulta a aprendizag<strong>em</strong> <strong>em</strong> diferentes níveis e<br />
extensão, a criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência intelectual não ocupa o lugar do aluno i<strong>de</strong>al que<br />
reforça o narcisismo do professor, muito pelo contrário, marca a sua ignorância –<br />
exigindo mais estudo e reflexão sobre sua prática – ou mesmo sua impotência – nos<br />
casos on<strong>de</strong> não seja mais possível <strong>com</strong>pensar uma longa ausência <strong>de</strong> estimulação<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos <strong>de</strong> vida, resultando <strong>em</strong> crianças ou mesmo adolescentes já<br />
<strong>com</strong> uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fasag<strong>em</strong> intelectual que dificilmente conseguirão ser<br />
alfabetizadas, <strong>com</strong>o é a expectativa das professoras. Postulamos, então, que esta<br />
negação <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al também provoque, guardadas as <strong>de</strong>vidas proporções, uma ferida<br />
narcísica no professor, só que, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, s<strong>em</strong> a carga <strong>em</strong>ocional tão mais<br />
intensa característica das relações entre pais e filhos.<br />
Assim, além <strong>de</strong> ter que rever suas concepções sobre a <strong>de</strong>ficiência e a influência da<br />
educação no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas crianças, o professor é convocado a lidar <strong>com</strong><br />
toda essa mobilização que o convívio <strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> trazer e ainda<br />
“introjetar a idéia que se apren<strong>de</strong> <strong>com</strong> as diferenças e no encontro <strong>com</strong> as<br />
singularida<strong>de</strong>s” (Milmann, 2001, p. 108). Neste sentido, falamos da importância <strong>de</strong><br />
um trabalho <strong>de</strong> luto necessário também aos professores, para salientar que se trata <strong>de</strong><br />
uma elaboração psíquica que exige a renúncia a um i<strong>de</strong>al e a busca <strong>de</strong> objetos<br />
substitutos que volt<strong>em</strong> a re<strong>com</strong>por a satisfação narcísica perdida.<br />
Nesta perspectiva, é interessante ressaltar que, <strong>em</strong>bora tenha sido <strong>com</strong> menor<br />
freqüência, colh<strong>em</strong>os <strong>de</strong>poimentos falando que o trabalho junto a essas crianças<br />
também po<strong>de</strong> ser uma boa oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter gratificação <strong>com</strong> a profissão. As<br />
professoras constatam a importância <strong>de</strong> sua mediação para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
criança <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>com</strong>portamentos a<strong>de</strong>quados à convivência social, e a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
do caso, também progresso, ainda que mais lentos, rumo à alfabetização.<br />
Acho que todo professor <strong>de</strong>veria ter um A. na sala, pelo menos uma<br />
vez na vida profissional, eu estou encantada. (…) pra mim, tirando a<br />
questão cognitiva, que eu não pu<strong>de</strong> ajudar muito, foi muito bom,<br />
muito bom mesmo trabalhar <strong>com</strong> A.<br />
E aí ele falou uma coisa que me <strong>em</strong>ocionou profundamente e me <strong>de</strong>u<br />
uma felicida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> porque o que ele me disse é a coisa que