Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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das “características negativas” da criança <strong>de</strong>ficiente ainda faz parte da concepção <strong>de</strong><br />
nossa socieda<strong>de</strong>.<br />
Ele se interessou <strong>em</strong> estudar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança <strong>com</strong><br />
<strong>de</strong>ficiência através da teoria <strong>de</strong> que todo <strong>de</strong>feito cria os estímulos para elaborar a<br />
<strong>com</strong>pensação.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento agravado por um <strong>de</strong>feito constitui um processo (orgânico<br />
e psicológico) <strong>de</strong> criação e recriação da personalida<strong>de</strong> da criança, sobre a<br />
base <strong>de</strong> reorganização <strong>de</strong> todas as funções <strong>de</strong> adaptação, da formação <strong>de</strong><br />
novos processos sobre-estruturados, substitutivos, niveladores, que são<br />
gerados pelo <strong>de</strong>feito e <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> novos caminhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento (1997, p.16).<br />
Por isto, a avaliação <strong>de</strong>ssas crianças não po<strong>de</strong> se limitar a <strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong><br />
gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua insuficiência, <strong>de</strong>ve incluir obrigatoriamente a consi<strong>de</strong>ração dos<br />
processos <strong>com</strong>pensatórios no <strong>de</strong>senvolvimento e na conduta da criança. O autor tece<br />
uma crítica à postura dos psicólogos do <strong>de</strong>senvolvimento e dos educadores<br />
preocupados <strong>em</strong> avaliar o que a criança <strong>de</strong>ficiente não consegue fazer, propondo que<br />
se <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar o que ela po<strong>de</strong> fazer sob condições pedagógicas a<strong>de</strong>quadas.<br />
Vygotsky (1997) reconhece que o <strong>de</strong>feito, ao criar um <strong>de</strong>svio do tipo biológico<br />
estável do hom<strong>em</strong>, ao provocar a perda <strong>de</strong> algumas funções, a insuficiência ou<br />
<strong>de</strong>terioração <strong>de</strong> órgãos, certamente perturba o curso normal do processo <strong>de</strong> adaptação<br />
da criança à cultura, já que os instrumentos e aparatos culturais pressupõ<strong>em</strong> uma<br />
organização psicofisiológica normal. Por isto, <strong>com</strong> freqüência, são necessárias<br />
formas culturais peculiares para que se realize o <strong>de</strong>senvolvimento cultural da criança<br />
<strong>de</strong>ficiente, tais <strong>com</strong>o o alfabeto Braille para cegos, o alfabeto digital e a fala mímicagestual<br />
dos surdos, ou então ajuda pedagógica especializada para que possam<br />
dominar as formas culturais gerais. Mas, o que ele fez questão <strong>de</strong> ressaltar é que o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento cultural <strong>de</strong>ssas crianças é perfeitamente possível, ainda que por<br />
caminhos distintos: “… a condição primordial e <strong>de</strong>cisiva para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
cultural – precisamente a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se valer dos instrumentos psicológicos – está<br />
conservada nessas crianças” (p.32).