Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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efeitos subjetivos, se prepare para lidar <strong>com</strong> eles, e qu<strong>em</strong> sabe, possa crescer pessoal<br />
e profissionalmente <strong>com</strong> essa experiência.<br />
Relatamos a experiência dos profissionais do Grupo Ponte, que realizam um trabalho<br />
<strong>de</strong> a<strong>com</strong>panhamento das escolas regulares que receb<strong>em</strong> as crianças <strong>com</strong> os mais<br />
variados transtornos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento atendidas na Pré-Escola Terapêutica Lugar<br />
<strong>de</strong> Vida. A proposta é oferecer um espaço <strong>de</strong> fala sobre os impasses vividos pelos<br />
professores na ação cotidiana <strong>com</strong> essas crianças, buscando-se uma parceria possível<br />
entre a saú<strong>de</strong> e a educação. Como tão b<strong>em</strong> <strong>de</strong>screve Patto (2005, p.12), esses autores,<br />
“além <strong>de</strong> saber<strong>em</strong> do mal-estar inevitável que há no processo educativo, sab<strong>em</strong> do<br />
mal-estar evitável que advém dos preconceitos e das condições <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong><br />
trabalho dos educadores. Daí a importância atribuída à parceria <strong>com</strong> os educadores<br />
da escola”.<br />
O trabalho <strong>de</strong> escuta parte <strong>de</strong> um acolhimento da <strong>de</strong>manda dos professores por<br />
instruções que os auxili<strong>em</strong> na tarefa <strong>de</strong> trabalhar <strong>com</strong> os alunos “diferentes”, mas <strong>em</strong><br />
vez <strong>de</strong> fornecer respostas, a equipe sugere que relat<strong>em</strong> suas experiências aos colegas,<br />
ampliando a interlocução e propiciando outros <strong>de</strong>sdobramentos a suas perguntas.<br />
“Isso possibilita a circulação discursiva que permite ao professor sair <strong>de</strong> um lugar<br />
centralizado <strong>de</strong> queixa para po<strong>de</strong>r lançar novas questões sobre sua prática educativa e<br />
sobre a instituição escolar” (Bastos, 2005, p.135).<br />
As explicitações das produções discursivas são realizadas através da confrontação do<br />
sujeito <strong>com</strong> o seu próprio dizer, tendo <strong>com</strong>o objetivo o fazer dizer, a respeito do malestar<br />
gerado por esses alunos tão diferentes, e o dizer esclarecedor, buscando alguma<br />
implicação subjetiva do professor <strong>com</strong> seu próprio dizer.<br />
Por fim, a autora chama atenção <strong>de</strong> que a importância <strong>de</strong>sse trabalho <strong>com</strong> os<br />
professores se dá, não só no sentido da acolhida <strong>de</strong> suas experiências, aten<strong>de</strong>ndo a<br />
uma <strong>de</strong>manda imaginária – <strong>com</strong>o na direção oposta, <strong>de</strong> produzir “furos” no<br />
imaginário 3 , trabalhando <strong>com</strong> as i<strong>de</strong>alizações que imperam no campo educativo para<br />
3 O registro do imaginário é o registro do engodo caracterizado por uma relação à imag<strong>em</strong> do outro,<br />
tomada pela via da i<strong>de</strong>ntificação que resulta <strong>em</strong> uma relação especular, <strong>de</strong> caráter dual, promovendo<br />
uma indistinção entre si e o outro. Ver: Ch<strong>em</strong>ama, R. et al (1995). Dicionário <strong>de</strong> Psicanálise. Porto<br />
Alegre, RS: Artes Médicas.