Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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neste aspecto, da mesma forma que se adotam intervenções diferenciadas nas<br />
ativida<strong>de</strong>s pedagógicas:<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, (…) N. já bateu <strong>em</strong> alguém (…) Então os meninos<br />
acham que t<strong>em</strong> que <strong>de</strong>scontar da mesma forma que acontece <strong>com</strong> os<br />
outros. (…) E aí eles falam: Por que? Pensa que porque ela é assim<br />
ela po<strong>de</strong> bater na gente? Então, entre eles existe essa coisa assim <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>volver, <strong>de</strong> ver igual (…) mas o professor já protege porque sabe<br />
que t<strong>em</strong> esse <strong>com</strong>prometimento mesmo e até <strong>com</strong> relação às<br />
ativida<strong>de</strong>s mesmo. O ritmo <strong>de</strong>les é mais lento.<br />
Mantoan (1997) acredita que o fato dos professores ten<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a eximir a criança<br />
<strong>de</strong>ficiente da responsabilida<strong>de</strong> por seus atos revela o paternalismo <strong>com</strong> que ela é<br />
tratada <strong>em</strong> classe. O <strong>de</strong>sconhecimento das reais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do <strong>de</strong>ficiente mental, ao lado dos preconceitos que cercam sua conceituação,<br />
imprim<strong>em</strong> à educação <strong>de</strong>ssas pessoas um caráter restritivo e protecionista.<br />
Uma das participantes enten<strong>de</strong> que, <strong>em</strong> nome da inclusão, a escola está sendo levada<br />
a não colocar limites <strong>em</strong> relação a qualquer criança que apresente <strong>com</strong>portamentos<br />
agressivos. Esta relação, que nos parece equivocada, entre inclusão e exclusão <strong>de</strong><br />
limites é trazida <strong>de</strong> forma muito ve<strong>em</strong>ente por esta professora, <strong>com</strong>o se uma maior<br />
abertura da escola pu<strong>de</strong>sse ser confundida por alguns <strong>com</strong>o sendo o mesmo que ficar<br />
passivo diante <strong>de</strong> qualquer atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeitosa por parte da criança.<br />
Um posicionamento que aponta para a existência <strong>de</strong> incoerências entre a proposta<br />
inclusiva e o cotidiano da escola é a constatação <strong>de</strong> intolerância religiosa<br />
materializada por preconceitos frente a manifestações populares características da<br />
cultura <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o Salvador. Em conversas informais, mantidas durante o<br />
período <strong>de</strong> observação, uma professora relatou a recusa <strong>de</strong> alguns colegas <strong>em</strong><br />
<strong>com</strong><strong>em</strong>orar<strong>em</strong> datas ligadas a tradições populares <strong>de</strong>vido à suposta associação <strong>com</strong><br />
festas do candomblé. Durante a entrevista, esta participante não abordou o t<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />
forma tão clara <strong>com</strong>o anteriormente, mas <strong>com</strong>entou:<br />
Com a religião, eu acho que quando você vai procurar um <strong>em</strong>prego<br />
ou você se submete a um concurso, você sabe que você vai trabalhar<br />
<strong>com</strong> a proposta da escola. Se é pra trabalhar <strong>com</strong> o folclore, você<br />
trabalha <strong>com</strong> esse conteúdo mesmo sendo cristã, (…) o probl<strong>em</strong>a da