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Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...

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109<br />

A idéia que me v<strong>em</strong> é aquela coisa da culpa, do castigo, aquela coisa<br />

‘olhe, se você não fizer isso você vai ser castigada’, imagine a gente<br />

ficar pensando que o fato <strong>de</strong> eu não ter aceitado uma criança para<br />

incluir e tiver um filho assim, foi um castigo <strong>de</strong> Deus. Mas só que eu<br />

não veria por esse lado, eu acho que se veio é porque você tinha que<br />

passar por isso, até pra apren<strong>de</strong>r a lidar.<br />

Já uma outra acha a experiência positiva que teve <strong>com</strong> alguns alunos da escola serviu<br />

para <strong>de</strong>ixá-la mais tranqüila quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mãe <strong>de</strong> uma criança <strong>com</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, ressaltando que foi a postura da mãe <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las que a levou a pensar<br />

nisto <strong>com</strong> mais naturalida<strong>de</strong>. Mas também se refere a uma colega, cujo medo <strong>de</strong> ter<br />

um filho <strong>de</strong>ficiente, certamente po<strong>de</strong>ria impedi-la <strong>de</strong> ser professora <strong>de</strong>ssas crianças.<br />

É lógico que ninguém <strong>de</strong>seja, mas ajudou muito porque t<strong>em</strong> a<br />

experiência <strong>de</strong> L. que eu acho excelente, a autonomia, a relação que<br />

L. t<strong>em</strong> <strong>com</strong> a mãe e ninguém diz que aquela criança é Down, a<br />

relação é muito boa e aí L. é tranqüila, então t<strong>em</strong> muito também da<br />

relação <strong>com</strong> a família, essa base que a família, no início, vai dar à<br />

criança, então me ajudou bastante, eu não tenho medo não.<br />

Conheço gente que até não t<strong>em</strong> filho porque, na experiência familiar,<br />

t<strong>em</strong> algum parente <strong>com</strong> alguma <strong>de</strong>ficiência e ai t<strong>em</strong> medo <strong>de</strong> ter filho<br />

pra não vir <strong>com</strong> essa <strong>de</strong>ficiência porque não t<strong>em</strong> esse equilíbrio<br />

<strong>em</strong>ocional pra lidar, então uma pessoa <strong>de</strong>ssas, <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, não<br />

t<strong>em</strong> <strong>com</strong>o trabalhar <strong>com</strong> uma criança assim…<br />

Quanto a essa possível reação <strong>de</strong> angústia frente à <strong>de</strong>ficiência, o professor é afetado<br />

<strong>com</strong>o qualquer outra pessoa inscrita <strong>em</strong> uma socieda<strong>de</strong> que cultua a beleza física e o<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> <strong>com</strong>pletu<strong>de</strong>. Porém, ao professor, é atribuída a tarefa <strong>de</strong> ensinar a essas<br />

crianças, baseado numa visão <strong>de</strong> educação que, <strong>com</strong>o vimos, valoriza muito a<br />

aprendizag<strong>em</strong> acadêmica e o avanço cognitivo. Constatamos, então, que se não<br />

perceb<strong>em</strong> a relação entre <strong>de</strong>ficiência e possíveis limitações na esfera pessoal, falam<br />

disso freqüent<strong>em</strong>ente na esfera profissional.<br />

Uma referência que aparece <strong>em</strong> quase todas as entrevistas é a vivência <strong>de</strong> angústia<br />

frente à <strong>de</strong>ficiência intelectual, geralmente associada à frustração <strong>de</strong>vido à falta do<br />

avanço cognitivo, a ponto até <strong>de</strong> tirar a importância dos ganhos sociais<br />

inegavelmente adquiridos na escola regular:<br />

Nunca tive probl<strong>em</strong>a nenhum <strong>com</strong> A. na escola, n<strong>em</strong> eu n<strong>em</strong> nenhum<br />

outro professor, então a mãe está muito satisfeita por conta disso. Eu

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