Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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sim <strong>de</strong> contribuição, no sentido <strong>de</strong> apontar o que, no pedagógico, está ligado ao<br />
inconsciente.<br />
Ao estudarmos a educação à luz da psicanálise, propõe-se que não é possível reduzir<br />
a vida escolar a <strong>com</strong>petências e capacida<strong>de</strong>s que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> essencialmente à dimensão<br />
técnica da ação pedagógica. Muitos autores (Kupfer, 1997; Mrech,1999; Perreira,<br />
1998) apontam que a teoria da prática docente <strong>de</strong>veria buscar uma aproximação <strong>com</strong><br />
a psicanálise, <strong>de</strong>vido aos fortes <strong>com</strong>ponentes afetivos da profissão, mas também à<br />
tensão entre um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> maestria e <strong>com</strong>petência e uma realida<strong>de</strong> que implica <strong>em</strong><br />
exigências por vezes muito duras colocadas ao professor.<br />
A abordag<strong>em</strong> do ensino, <strong>em</strong> Freud, é marcada pela consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que o<br />
inconsciente trabalha tanto naquele que ensina <strong>com</strong>o naquele que apren<strong>de</strong>. Os efeitos<br />
do inconsciente se revelam, <strong>em</strong> princípio, na própria relação do sujeito <strong>com</strong> o saber.<br />
A outra questão ressaltada por Freud é que a importância da relação entre professor e<br />
aluno não está no valor das informações transmitidas e sim no campo que se<br />
estabelece entre eles, ao que se dá o nome <strong>de</strong> transferência.<br />
Os estudiosos da teoria psicanalítica que investigam as questões concernentes à<br />
criança <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a palavra e o olhar a ela en<strong>de</strong>reçados por seus cuidadores<br />
produz<strong>em</strong> efeitos estruturantes. Somos seres <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, estamos inseridos num<br />
universo simbólico, e marcados por fantasias e expectativas familiares antes mesmo<br />
<strong>de</strong> nascermos. O ser humano é marcado pela pr<strong>em</strong>aturida<strong>de</strong>, sendo numa relação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pendência do outro que ele vai se organizar e se constituir <strong>com</strong>o sujeito. E é na<br />
família que a criança estabelece suas primeiras relações afetivas e também on<strong>de</strong><br />
realiza seus primeiros <strong>em</strong>bates <strong>com</strong> a lei, <strong>com</strong> as hierarquias, possibilitando suas<br />
mais primitivas i<strong>de</strong>ntificações.<br />
Nesta perspectiva, o essencial do processo educativo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da relação da criança<br />
<strong>com</strong> seus pais. Já <strong>em</strong> outros momentos, Freud dá a enten<strong>de</strong>r que a influência que os<br />
educadores dispõ<strong>em</strong>, <strong>de</strong>pois dos pais, não é negligenciável, uma vez que ele acha<br />
apropriado alertá-los contra a tentação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar a criança <strong>em</strong> função <strong>de</strong> seus<br />
i<strong>de</strong>ais, e lhes indica que respeit<strong>em</strong> as disposições e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seus alunos.