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Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...

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Assim, se pressupomos que a transmissão está associada a uma verda<strong>de</strong> do sujeito<br />

sobre seu próprio <strong>de</strong>sejo, e não no acúmulo <strong>de</strong> conhecimento, está colocado para o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ensinar do professor, uma verda<strong>de</strong> anterior, algo que <strong>de</strong>ve existir nele antes<br />

<strong>de</strong> assumir o lugar <strong>de</strong> ensinante: o seu próprio <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber.<br />

É na posição <strong>de</strong> aluno, enquanto é esse que está referindo ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> saber,<br />

que o professor po<strong>de</strong>rá encontrar o lugar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> passa a vir a ser o “arco da<br />

transmissão” (…). Posição <strong>de</strong> aluno (…) é uma posição <strong>de</strong> ignorância radical<br />

[que] sustenta a operação <strong>de</strong> transmissão à medida que faz faltar no professor<br />

o saber. (Mendonça Filho, 1998, pp.103-104).<br />

Resumindo, quatro eixos parec<strong>em</strong> caracterizar a postura <strong>de</strong> um professor inclusivo:<br />

valorização da singularida<strong>de</strong> do aluno e respeito a seu ritmo, ressaltando suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s, e não apenas sua <strong>de</strong>ficiência; atenção ao vínculo professor-aluno, uso<br />

a<strong>de</strong>quado e não estigmatizante do diagnóstico e a presença <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<br />

vibrante no professor, a fim <strong>de</strong> que esteja aberto para buscar alternativas <strong>de</strong><br />

intervenção diante da inegável dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r dos alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

Constatamos que, consi<strong>de</strong>rando o que foi discutido nesta categoria, as entrevistadas<br />

conceb<strong>em</strong> a aprendizag<strong>em</strong> <strong>com</strong>o um processo que ocorre na relação, portanto,<br />

mediada pelo professor. Quando falam da diferença entre a performance solitária do<br />

aluno e o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho quando assistido por um parceiro mais experiente, estão<br />

abordando o conceito <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal <strong>de</strong> Vygotsky, que<br />

justamente, ressalta a importância do professor estar atento aos indícios do potencial<br />

do aluno a ser <strong>de</strong>senvolvido. E ainda, ao reconhecer<strong>em</strong> os ganhos na socialização<br />

<strong>de</strong>ssas crianças, parec<strong>em</strong> concordar <strong>com</strong> a visão sócio-interacionista <strong>de</strong> que o papel<br />

<strong>de</strong> escola é envolver o aluno, <strong>de</strong> forma participativa na sua cultura e, através <strong>de</strong>la,<br />

buscar integrá-lo no seu meio social. Essa imersão na cultura não diz respeito<br />

unicamente ao exercício intelectual do indivíduo, mas, significa ampliar as<br />

possibilida<strong>de</strong>s não apenas <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, mas muito especialmente <strong>de</strong> novas<br />

formas <strong>de</strong> interação social.<br />

Vimos também que a questão da valorização <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong> do aluno, aspecto tão<br />

ressaltado pela psicanálise, também está presente no discurso das professoras. Os

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