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Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...

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108<br />

pra gente <strong>com</strong> esse olhar que a fantasia da gente fazia a gente ver.<br />

Mas aí quando você ta toda enrolada… ao mesmo t<strong>em</strong>po que eu fazia<br />

o movimento <strong>de</strong> me aproximar para conhecer, ao mesmo t<strong>em</strong>po eu<br />

tinha medo, enten<strong>de</strong>u?<br />

Este <strong>de</strong>poimento retrata toda a ambivalência que qualquer um po<strong>de</strong> sentir diante da<br />

estranheza causada pelo corpo <strong>de</strong> uma pessoa <strong>com</strong> paralisia cerebral, e das limitações<br />

severas que ela po<strong>de</strong> impor. Descreve também essa maravilhosa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

participação que a inclusão escolar po<strong>de</strong> proporcionar, se existir<strong>em</strong> os recursos<br />

materiais apropriados – neste caso, a criança dispunha <strong>de</strong> <strong>com</strong>putador <strong>com</strong> teclado<br />

adaptado para sua <strong>com</strong>unicação – e <strong>em</strong>penho <strong>de</strong> professores dispostos a tentar<br />

facilitar seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

De acordo <strong>com</strong> a leitura psicanalítica, a pessoa <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>nuncia as nossas<br />

próprias limitações e fragilida<strong>de</strong>s - ou o risco <strong>de</strong> chegarmos a ter dificulda<strong>de</strong>s<br />

s<strong>em</strong>elhantes. Tal projeção po<strong>de</strong> funcionar <strong>com</strong>o um motivo inconsciente <strong>de</strong> evitar a<br />

convivência <strong>com</strong> elas. Sab<strong>em</strong>os que seria difícil obter respostas prontamente<br />

afirmativas quanto a essas questões, pois envolv<strong>em</strong> mecanismos psíquicos<br />

inconscientes, mas <strong>em</strong> nosso roteiro <strong>de</strong> entrevista, incentivamos as participantes a<br />

falar<strong>em</strong> sobre as repercussões mais subjetivas que essa convivência <strong>com</strong> a<br />

<strong>de</strong>ficiência lhes suscitou.<br />

Em geral, elas não associaram a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar suas próprias limitações<br />

pessoais ou o receio <strong>de</strong> adquirir uma <strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>o possíveis motivos que<br />

pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> influenciá-las a evitar receber esses alunos. Entretanto, fizeram uma<br />

associação <strong>com</strong> o t<strong>em</strong>a da maternida<strong>de</strong>.<br />

Eu fico pensando, se eu tivesse um filho <strong>de</strong>ficiente, eu ia fazer o que?<br />

Eu ia botar na escola especial ou na escola normal? Será que eu<br />

saberia lidar <strong>com</strong> isso?<br />

Era uma coisa assim, era um paradoxo. Eu ficava <strong>com</strong> aquela coisa<br />

assim: será que se fosse minha filha, eu trazia? E aí ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />

eu achava que sim, ao mesmo t<strong>em</strong>po eu achava que não…<br />

Uma <strong>de</strong>las fala da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma professora - não ela própria - chegar a<br />

t<strong>em</strong>er ter um filho <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>o um “castigo” por ter recusado um aluno<br />

<strong>com</strong> essas características:

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