Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Essas crianças funcionam <strong>com</strong>o um bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong> prótons <strong>em</strong> um átomo <strong>de</strong><br />
urânio, mexendo <strong>com</strong> toda estrutura escolar. Elas têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar<br />
<strong>em</strong> torno <strong>de</strong>las um movimento <strong>de</strong> transformação, <strong>de</strong> mudança e <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>slocamento muito gran<strong>de</strong>, mas que <strong>de</strong>ve ser contido e apoiado pela equipe<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental (…) [pois] essa força <strong>de</strong> transformação não po<strong>de</strong> ser usada<br />
<strong>de</strong> forma aleatória, porque é bomba que explo<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns dias você<br />
recebe a criança <strong>de</strong> volta – além da (…) impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer isso <strong>em</strong><br />
outros momentos. (op.cit, pp. 90-91)<br />
Uma constatação significativa <strong>de</strong>sse autor é perceber que os casos <strong>de</strong> violência e<br />
agressivida<strong>de</strong> são o probl<strong>em</strong>a mais <strong>com</strong>plexo enfrentado pela equipe atualmente, ou<br />
seja, não se trata <strong>de</strong> promover uma inclusão, mas tentar evitar uma exclusão.<br />
Perceb<strong>em</strong>os um eco <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>poimentos na fala <strong>de</strong> nossas entrevistadas, que também<br />
abordam esse t<strong>em</strong>a do receio da violência, <strong>com</strong>o um probl<strong>em</strong>a às vezes mais difícil<br />
<strong>de</strong> lidar do que <strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência. Além disso, está <strong>em</strong> jogo aqui toda a abrangência<br />
da discussão sobre a educação inclusiva e r<strong>em</strong>ete à questão da escola <strong>com</strong>o agente <strong>de</strong><br />
exclusão social.<br />
Achamos proce<strong>de</strong>nte realçar este aspecto <strong>de</strong> parceira entre a área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
educação, pois, nessas propostas admite-se o quanto po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sorganizador para a<br />
escola a chegada <strong>de</strong>ssas crianças “diferentes”. É notório o sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo<br />
na fala das professoras entrevistadas, daí a importância <strong>de</strong> divulgar e implantar essas<br />
propostas que não só valorizam a singularida<strong>de</strong> da criança, mas também se preocupa<br />
<strong>com</strong> um acolhimento das dificulda<strong>de</strong>s e das “loucuras” do professor.<br />
Essas reflexões vão ao encontro do que apontamos na discussão sobre sentimentos<br />
das professoras diante da <strong>de</strong>ficiência, quando apresentamos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
trabalho <strong>de</strong> luto diante da ferida narcísica que os alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong>m<br />
causar nos professores, no sentido <strong>de</strong> que, algo da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma elaboração<br />
subjetiva passa a ser condição necessária para se trabalhar <strong>com</strong> crianças diferentes da<br />
norma, que exig<strong>em</strong> do professor novos posicionamentos, não só no plano<br />
pedagógico, mas, igualmente, ético.