Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Conforme analisa Blanco (1996), Vygotsky criticava as escolas <strong>de</strong> psicologia do<br />
<strong>com</strong>eço do século XX, que tendiam a elidir a probl<strong>em</strong>ática central das interações<br />
físico-psíquicas. De um lado, havia a corrente que renunciava estudar a mente,<br />
levando a uma circularida<strong>de</strong> biológica incapaz <strong>de</strong> explicar a singularida<strong>de</strong> do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e a especificida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>portamento do indivíduo; do outro lado,<br />
encontrava-se o estudo da psique <strong>em</strong> seu estado puro, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer<br />
influência das condições ambientais. Ambas as posições ignoravam o meio social, a<br />
experiência histórica e a capacida<strong>de</strong> que o ser humano t<strong>em</strong> para adaptar-se<br />
ativamente ao meio. Inspirado nos princípios do materialismo dialético, Vygotsky<br />
(1998) consi<strong>de</strong>ra o <strong>de</strong>senvolvimento da estrutura humana <strong>com</strong>o um processo <strong>de</strong><br />
apropriação pelo hom<strong>em</strong> da experiência histórica e cultural. Nesta perspectiva, a sua<br />
pr<strong>em</strong>issa é <strong>de</strong> que as características tipicamente humanas resultam da interação<br />
dialética do hom<strong>em</strong> e seu meio sócio-cultural. A cultura é, portanto, parte<br />
constitutiva da natureza humana.<br />
Outro pressuposto da teoria histórico-cultural, diz respeito à noção <strong>de</strong> mediação<br />
simbólica presente <strong>em</strong> toda ativida<strong>de</strong> humana. São os instrumentos técnicos e<br />
sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> signos, construídos historicamente, que faz<strong>em</strong> a mediação dos seres<br />
humanos entre si e <strong>de</strong>les <strong>com</strong> o mundo. Desse modo, os sist<strong>em</strong>as simbólicos,<br />
especialmente a linguag<strong>em</strong>, funcionam <strong>com</strong>o el<strong>em</strong>entos mediadores que permit<strong>em</strong> a<br />
<strong>com</strong>unicação entre as pessoas e o estabelecimento <strong>de</strong> significados <strong>com</strong>partilhados<br />
por <strong>de</strong>terminada cultura. A linguag<strong>em</strong> se manifesta, portanto, <strong>com</strong>o uma ferramenta<br />
importante para que o hom<strong>em</strong> se constitua enquanto sujeito, na medida <strong>em</strong> que está<br />
associada diretamente ao <strong>de</strong>senvolvimento das funções psicológicas superiores e à<br />
regulação do <strong>com</strong>portamento. Para Vygotsky (1998, p. 37)<br />
A maior mudança na capacida<strong>de</strong> das crianças para usar a linguag<strong>em</strong> <strong>com</strong>o um<br />
instrumento para a solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as acontece um pouco mais tar<strong>de</strong> no<br />
seu <strong>de</strong>senvolvimento, no momento <strong>em</strong> que a fala socializada (que foi<br />
previamente utilizada para dirigir-se a um adulto) é internalizada. Ao invés <strong>de</strong><br />
apelar para o adulto, as crianças passam a apelar a si mesmas; a linguag<strong>em</strong><br />
passa, assim, a adquirir uma função intrapessoal além do seu uso<br />
interpessoal. No momento <strong>em</strong> que as crianças <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> um método <strong>de</strong>