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Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...

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Levanta a hipótese da ação <strong>de</strong> um movimento involuntário, inconsciente, <strong>de</strong><br />

resistência à percepção real da <strong>de</strong>ficiência, fruto da mente humana, que cria formas<br />

particulares <strong>de</strong> ação, mesclando inconsciente individual e padrões culturais para<br />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r e se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r daquilo que lhe é estranho e diferente.<br />

Carpigiani (1999) <strong>com</strong>enta o texto <strong>de</strong> Freud (1910) O estranho, no qual ele discute<br />

situações que nos causam estranheza ou medo, e que, por estas razões, geram<br />

afastamento. A sensação <strong>de</strong> estranheza provém justamente do fato <strong>de</strong> que situações e<br />

afetos que nos pareçam estranhos e para os quais buscamos explicações, na verda<strong>de</strong>,<br />

já teriam sido por nós vivenciados <strong>em</strong> algum momento. Assim, o estranho po<strong>de</strong> ser<br />

algo que é secretamente familiar que foi submetido à repressão e <strong>de</strong>pois voltou à<br />

consciência, gerando a sensação estranha que se produz, quando se extingue a<br />

distinção entre imaginação e realida<strong>de</strong>. No caso da convivência <strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência, o<br />

que está <strong>em</strong> jogo é a ferida narcísica, a quebra da onipotência, a quebra do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

perfeição. Assim, conclui a autora, é preciso o reconhecimento, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si, daquilo<br />

que causa dor, <strong>de</strong>sconforto, estranheza e culpa. “É a partir <strong>de</strong>sta conquista interna<br />

que os movimentos na realida<strong>de</strong> social po<strong>de</strong>m ser iniciados. Movimentos infinitos <strong>de</strong><br />

regressos ao estrangeiro <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós” (p.26). Só a partir <strong>de</strong>ssa elaboração<br />

subjetiva é que se po<strong>de</strong> falar <strong>em</strong> integração social do <strong>de</strong>ficiente.<br />

Buscamos este aporte psicanalítico sobre estes efeitos psíquicos que a convivência<br />

<strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> trazer, a fim <strong>de</strong> dar suporte à nossa pr<strong>em</strong>issa <strong>de</strong> que apenas<br />

informações sobre a <strong>de</strong>ficiência e seus portadores não garant<strong>em</strong>, por si só, uma<br />

prática pedagógica inclusiva. É preciso que os significados particulares, receios e<br />

resistências sejam <strong>de</strong>svelados, a fim <strong>de</strong> que as diferenças “… possam ser atendidas,<br />

minimizadas e elaboradas, e, por esse caminho, impedir, efetivamente, que se torn<strong>em</strong><br />

fonte <strong>de</strong> discriminação ou exclusão” (Jerusalinsky e Páez, 2001, p. 21).<br />

Po<strong>de</strong>mos concluir então, que ao se falar <strong>em</strong> educação inclusiva, é incontornável o<br />

aprofundamento da qualida<strong>de</strong> da discussão sobre a formação do professor. Na<br />

medida <strong>em</strong> que a educação inclusiva consi<strong>de</strong>ra a singularida<strong>de</strong> do aluno, <strong>de</strong>ve<br />

também consi<strong>de</strong>rar a do professor, não para eximi-lo <strong>de</strong> sua função <strong>de</strong> trabalhar <strong>com</strong><br />

a <strong>diversida<strong>de</strong></strong>, e sim para acolhê-lo e criar espaços para que ele se dê conta <strong>de</strong>stes

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