Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
22<br />
Deus. Assim, eram aparent<strong>em</strong>ente abandonadas à própria sorte, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo, para<br />
sua sobrevivência, da boa vonta<strong>de</strong> e carida<strong>de</strong> humana.<br />
A partir do séc. XII, dado o po<strong>de</strong>r adquirido pela Igreja Católica, iniciou-se a prática<br />
da Inquisição, caracterizada pela perseguição, caça e extermínio <strong>de</strong> seus dissi<strong>de</strong>ntes,<br />
sob o argumento <strong>de</strong> que eram hereges ou “en<strong>de</strong>moninhados”. Documentos da Igreja<br />
que regiam o processo inquisitorial eram claramente ameaçadores e perigosos para as<br />
pessoas <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência, e <strong>de</strong>ntre estas, principalmente para aquelas <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />
mental. Entretanto, não só elas eram alvo <strong>de</strong> perseguições, qualquer um po<strong>de</strong>ria ser<br />
acusado <strong>de</strong> herege, num movimento crescente característico <strong>de</strong> regimes totalitários.<br />
A indignação diante <strong>de</strong>sta situação culminou na cisão ocorrida da própria Igreja,<br />
através da Reforma Protestante, que conduziu a história da <strong>de</strong>ficiência mental ao que<br />
Print (apud Pessoti, 1984, p.12) chamou <strong>de</strong> “… época dos açoites e das alg<strong>em</strong>as o<br />
hom<strong>em</strong> é o próprio mal, quando lhe faleça a razão ou lhe falte a graça celeste a<br />
iluminar-lhe o intelecto: assim, <strong>de</strong>mentes e amentes são, <strong>em</strong> essência, seres<br />
diabólicos…” A ambivalência carida<strong>de</strong>-castigo passou a caracterizar a atitu<strong>de</strong><br />
medieval diante da <strong>de</strong>ficiência mental.<br />
A partir do século XVI, a revolução burguesa trouxe mudanças <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />
estrutura social, política e econômica. No que se refere à <strong>de</strong>ficiência, <strong>com</strong>eçaram a<br />
surgir novas idéias, referentes à sua natureza orgânica, produto <strong>de</strong> causas naturais.<br />
Assim concebida, passou também a ser tratada pelo meio da alquimia, da magia e da<br />
astrologia, métodos da então iniciante medicina.<br />
O século XVII foi palco <strong>de</strong> novos avanços no conhecimento produzido na área da<br />
medicina, o que fortaleceu a tese da organicida<strong>de</strong>, e ampliou a <strong>com</strong>preensão da<br />
<strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>o processo natural, favorecendo o surgimento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> tratamento<br />
médico. Já a tese do <strong>de</strong>senvolvimento por estimulação encaminhou-se, <strong>em</strong>bora muito<br />
lentamente, para ações <strong>de</strong> ensino, o que vai se <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>finitivamente somente<br />
a partir do século XVIII.<br />
Esta ampliação <strong>de</strong> concepção a respeito da <strong>de</strong>ficiência <strong>em</strong> várias áreas do<br />
conhecimento favoreceu diferentes atitu<strong>de</strong>s frente ao probl<strong>em</strong>a, isto é, da