Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Assim, através dos processos <strong>de</strong> mediação presentes na cultura, po<strong>de</strong>m ser criadas<br />
novas possibilida<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico da criança <strong>de</strong>ficiente, dada<br />
a condição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> do cérebro e o fato <strong>de</strong> que as formas superiores do<br />
psiquismo e da conduta ser<strong>em</strong> culturais e mediadas s<strong>em</strong>ioticamente. A maior<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para essas pessoas encontra-se justamente nas<br />
funções psíquicas superiores e é <strong>em</strong> relação a essas funções que <strong>de</strong>veria haver maior<br />
investimento pedagógico (Torezan, 2002).<br />
A partir da discussão sobre a zona <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento proximal, Vygotsky (1998)<br />
critica a pedagogia da escola especial, on<strong>de</strong> o ensino <strong>de</strong>ssas crianças baseia-se no uso<br />
<strong>de</strong> métodos concretos do tipo “observar-e-fazer”. Ao contrário, precisamente porque<br />
essas crianças têm dificulda<strong>de</strong>s no pensamento abstrato, é que a escola <strong>de</strong>veria fazer<br />
todo o esforço para <strong>em</strong>purrá-las nessa direção, para <strong>de</strong>senvolver nelas o que está<br />
intrinsecamente faltando no seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Aplicar a <strong>de</strong>fectologia no cotidiano escolar significa, portanto, “fundar a pedagogia<br />
no principio da <strong>com</strong>pensação, isto é, <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento criativo…” (1997,<br />
p.35). “Cabe a escola não só adaptar-se a insuficiências <strong>de</strong>ssa criança, mas também<br />
lutar contra elas, superá-las” (p.36).<br />
Se construir conhecimentos implica numa ação partilhada, já que é através dos outros<br />
que as relações entre sujeito e objeto <strong>de</strong> conhecimento são estabelecidas, a<br />
<strong>diversida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> cada criança po<strong>de</strong> propiciar uma rica<br />
oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências, questionamentos e cooperação. A aceitação<br />
da criança <strong>de</strong>ficiente pelos colegas vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r muito do professor colocar <strong>em</strong><br />
prática uma pedagogia inclusiva que não pretenda a correção do aluno <strong>com</strong><br />
<strong>de</strong>ficiência, mas a manifestação do seu potencial. A escola, nesta perspectiva, <strong>de</strong>ve<br />
buscar consolidar o respeito às diferenças, vistas não <strong>com</strong>o um obstáculo para o<br />
cumprimento da ação educativa, mas <strong>com</strong>o fatores <strong>de</strong> enriquecimento e melhoria da<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino e aprendizag<strong>em</strong> para todos, tanto para alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />
quanto para aqueles s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />
Partindo <strong>de</strong>sses pressupostos, fica claro o quanto é prejudicial para a criança <strong>com</strong><br />
<strong>de</strong>ficiência ser privada culturalmente, através do impedimento <strong>de</strong> exercitar e fazer