Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Um dos sentimentos mencionados pelas professoras foi o medo, relacionado a uma<br />
reação “natural” diante <strong>de</strong> situações novas; a <strong>de</strong>ficiência é percebida <strong>com</strong>o algo<br />
<strong>de</strong>sconhecido, que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o professor assustado e <strong>de</strong>spertar a tão conhecida<br />
resistência às mudanças.<br />
É o medo mesmo que se forma, não t<strong>em</strong> conhecimento nenhum o<br />
professor fica meio s<strong>em</strong> saber, <strong>com</strong>o trabalhar, o que fazer, <strong>com</strong>o<br />
lidar <strong>com</strong> aquela situação, o medo faz, às vezes, até <strong>com</strong> que esse<br />
professor rejeite (…) é normal as pessoas se negar<strong>em</strong> a fazer algo<br />
<strong>com</strong> medo daquela experiência que é nova <strong>em</strong> sua vida.<br />
Este sentimento <strong>de</strong> estranheza frente à <strong>de</strong>ficiência é <strong>de</strong>scrito por uma <strong>de</strong>las <strong>com</strong> uma<br />
ve<strong>em</strong>ência rara <strong>de</strong> se admitir, mas provavelmente, muito <strong>com</strong>um <strong>de</strong> ser sentida:<br />
Eu acho que o ser humano precisa evoluir a esse ponto pra saber<br />
lidar <strong>com</strong> essas questões que antes eram colocadas <strong>com</strong>o guetos,<br />
então isso é o escondido, é o feio, é o que ninguém quer ver, é o que<br />
não é bom, é o <strong>de</strong>formado (...) A gente está lidando <strong>com</strong> as<br />
diferenças o t<strong>em</strong>po todo, só que essas crianças não são tratadas<br />
<strong>com</strong>o diferentes, são tratadas <strong>com</strong>o aberrações, <strong>com</strong>o absurdos, o<br />
impossível dos impossíveis, então a primeira coisa é a gente estar se<br />
preparando pra essa coisa que não é fácil, até porque você não toma<br />
aula <strong>de</strong> consciência sobre inclusão, <strong>de</strong> querer incluir…<br />
Outra referência ao medo surgiu diante do receio <strong>de</strong> uma possível reação agressiva<br />
<strong>de</strong> uma aluna, na qual a entrevistada associa <strong>de</strong>ficiência mental e agressivida<strong>de</strong>,<br />
<strong>com</strong>o se uma justificasse a outra.<br />
Teve uma vez que eu vinha <strong>com</strong> uns ca<strong>de</strong>rnos, ela chegou assim,<br />
puxou o ca<strong>de</strong>rno da minha mão, mas <strong>com</strong> uma força tão gran<strong>de</strong> que<br />
eu confesso que eu fiquei <strong>com</strong> medo. Que reação, além <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong> está<br />
puxando o ca<strong>de</strong>rno, ela podia ter? Sei lá, podia ser um tapa, né? Aí<br />
eu fiquei: Meu Deus do céu! O que eu faço se essa menina me meter<br />
uma tapa aqui? (…) Mas a criança <strong>com</strong> necessida<strong>de</strong>, a gente já sabe,<br />
que essa agressivida<strong>de</strong> faz parte do <strong>com</strong>prometimento…<br />
Destaca-se aqui a importância <strong>de</strong> uma formação que prepare o professor para lidar<br />
<strong>com</strong> essas crianças, e assim, evitar situações <strong>de</strong> rejeição advindas justamente <strong>de</strong>ssa<br />
total falta <strong>de</strong> conhecimento sobre as <strong>de</strong>ficiências. Porém, a colocação <strong>de</strong> que não se<br />
toma aula <strong>de</strong> consciência sobre a inclusão faz pensar que há um aspecto ético, não<br />
só teórico nessa formação.