Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Estes dados confirmam o que a literatura aponta sobre um dos gran<strong>de</strong>s pontos<br />
positivos relacionados <strong>com</strong> a proposta inclusiva, que é justamente essa oportunida<strong>de</strong><br />
oferecida a todas as crianças <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r<strong>em</strong> a ser cooperativas e respeitar as<br />
diferenças e os direitos dos <strong>de</strong>mais, ficando b<strong>em</strong> evi<strong>de</strong>nte o papel ético da escola<br />
inclusiva.<br />
No entanto, apesar <strong>de</strong> admitir<strong>em</strong> esses ganhos, as professoras foram enfáticas ao<br />
apontar<strong>em</strong> as dificulda<strong>de</strong>s para receber os alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência intelectual. Para<br />
elas, o gran<strong>de</strong> entrave é se há ou não o “avanço cognitivo”:<br />
… a gente percebe os avanços, mas o gran<strong>de</strong> entrave, pelo menos<br />
para mim, é o cognitivo, o alfabetizar crianças <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />
mental, por ex<strong>em</strong>plo…<br />
O professor, ele é muito é ansioso mesmo. Não t<strong>em</strong> jeito. Quer ver o<br />
resultado e ainda que ele saiba que o resultado <strong>com</strong> essa criança não<br />
vai ser o mesmo, o avanço é muito pouco (…) Exist<strong>em</strong> outros ganhos,<br />
exist<strong>em</strong>. O relacional… a gente vê esse crescimento relacional mais<br />
claramente. Mas o cognitivo? Enten<strong>de</strong>u? Então fica aquela questão<br />
da socialização…<br />
A dificulda<strong>de</strong> maior que sent<strong>em</strong> <strong>em</strong> lidar <strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência intelectual ficou b<strong>em</strong><br />
clara, quando uma professora falou <strong>de</strong> uma criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência física:<br />
Eu tive um aluno <strong>de</strong>ficiente físico, mas <strong>com</strong>o ele tinha uma prótese,<br />
n<strong>em</strong> parecia. Um menino elétrico, danado, era o melhor jogador <strong>de</strong><br />
futebol daqui. Subia e <strong>de</strong>scia. (…) A. <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência? De jeito<br />
nenhum! Ele não parecia… Mais assim, evi<strong>de</strong>nte, é o <strong>de</strong>ficiente<br />
mental…<br />
Este <strong>com</strong>entário é coerente <strong>com</strong> o que encontramos na literatura sobre a maior<br />
dificulda<strong>de</strong> da escola <strong>em</strong> lidar <strong>com</strong> a criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência intelectual. Werneck<br />
(1997) acredita que a criança <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência mental é o nó <strong>de</strong> inclusão. Martins<br />
(1997) também <strong>com</strong>enta que os <strong>de</strong>ficientes mentais, <strong>em</strong>bora form<strong>em</strong> o maior<br />
contingente <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes existentes são, possivelmente, os mais <strong>de</strong>preciados <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>corrência da supervalorização atribuída pela nossa cultura às <strong>com</strong>petências<br />
intelectuais das pessoas. Assim, essas crianças ameaçam o que a escola pensa ser sua<br />
missão – ensinar, o que não ocorre tão claramente <strong>com</strong> o <strong>de</strong>ficiente físico.