Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada aluno. Ele ressaltava que “a escola nunca <strong>de</strong>ve esquecer que<br />
ela t<strong>em</strong> que lidar <strong>com</strong> indivíduos imaturos aos quais não po<strong>de</strong> ser negado o direito <strong>de</strong><br />
se <strong>de</strong>morar<strong>em</strong> <strong>em</strong> certos estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e mesmo <strong>em</strong> alguns um pouco<br />
<strong>de</strong>sagradáveis” (1910, p.218). Chama atenção ainda para o fato <strong>de</strong> que “… é quase<br />
impossível que o mesmo método educativo possa ser uniform<strong>em</strong>ente bom para todas<br />
as crianças” (1933, p.183).<br />
Inspirados na teoria psicanalítica, muitos autores criticam aqueles que tratam a<br />
prática docente <strong>de</strong> uma forma excessivamente técnica. Pereira (1998) expressa b<strong>em</strong><br />
essa posição. Ele l<strong>em</strong>bra que o professor necessita elaborar diagnósticos rápidos <strong>de</strong><br />
situações, <strong>de</strong>senhar estratégias <strong>de</strong> intervenção e prever o uso futuro dos<br />
acontecimentos, o que caracteriza uma prática que supera muitas vezes a previsão<br />
linear e mecânica que o conhecimento técnico científico possa <strong>de</strong>finir para ação<br />
docente. Além disso, aponta que a <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong> da prática supõe professores<br />
imersos nas lacunas constitucionais que os cercam, ou seja, eles têm que lidar <strong>com</strong> as<br />
instabilida<strong>de</strong>s das instituições nas quais trabalham, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte por motivos <strong>de</strong><br />
sobrevivência; <strong>com</strong> as inter-relações <strong>com</strong> colegas, que po<strong>de</strong>m resultar <strong>em</strong><br />
divergências e <strong>com</strong>petições implícitas ou não explícitas; e por fim, <strong>com</strong> os limites <strong>de</strong><br />
um sujeito sobre o outro que, na relação <strong>com</strong> o aluno,<br />
… não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> trazer à tona suas próprias ambigüida<strong>de</strong>s, resistências, suas<br />
<strong>de</strong>fesas, seus conflitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que diz<strong>em</strong> a respeito a particularida<strong>de</strong>s<br />
do sujeito-professor que, <strong>em</strong> suas manifestações pulsionais, não po<strong>de</strong><br />
racionalmente controlar, n<strong>em</strong> po<strong>de</strong> usar regras i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> ‘conhecer a si<br />
mesmo’… (p. 168).<br />
A radicalida<strong>de</strong> da existência do inconsciente não <strong>de</strong>ve funcionar <strong>com</strong>o saber<br />
paralisante para o professor, no sentido <strong>de</strong> aceitar uma entrega ao impon<strong>de</strong>rável.<br />
Também não significa valorizar somente a sua personalida<strong>de</strong> e negar toda a<br />
importância dos princípios educativos, o que equivaleria a afirmar que uma educação<br />
seria possível s<strong>em</strong> um projeto educativo e só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> um utópico equilíbrio do<br />
professor. A contribuição da psicanálise assinala que, por se tratar <strong>de</strong> uma profissão<br />
<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente relacional, mesmo cercado <strong>de</strong> excelentes técnicas, o professor lida<br />
<strong>com</strong> uma prática marcada pela in<strong>com</strong>pletu<strong>de</strong>, pela incerteza e não po<strong>de</strong> tratá-la por