Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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moral, encarregada <strong>de</strong> preservar o eu i<strong>de</strong>al e mediar a diferença entre o eu e este<br />
último. Assim, o narcisismo é um agente po<strong>de</strong>roso na repressão das pulsões sexuais,<br />
já que, <strong>em</strong> nome do seu i<strong>de</strong>al, o eu será conduzido a recalcar as representações<br />
in<strong>com</strong>patíveis <strong>com</strong> ele a fim <strong>de</strong> preservar a satisfação narcísica.<br />
É através do jogo <strong>de</strong> transformações da libido objetal e da libido narcísica que a<br />
criança assimila os traços das pessoas que a cercam e se apropria <strong>de</strong> suas exigências.<br />
Estas – pais e educadores – passam a ocupar a função <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo. Os<br />
educadores investidos da relação afetiva primitivamente dirigida aos pais se<br />
beneficiam <strong>com</strong> a influência <strong>de</strong>stes sobre a criança, po<strong>de</strong>ndo assim contribuir para a<br />
formação do i<strong>de</strong>al do eu.<br />
É justamente este investimento narcísico sobre a criança que faz <strong>com</strong> que ela ocupe<br />
um lugar no <strong>de</strong>sejo dos pais e educadores, lugar, contudo, alienante, isto é, é <strong>com</strong>o<br />
outro, diferente <strong>de</strong> si mesmo que ela é amada e querida pelos pais e educadores. É<br />
por isso que Freud (1912) insiste <strong>em</strong> advertir tanto os educadores <strong>com</strong>o os analistas,<br />
quanto à tentação <strong>de</strong> encarnar eles próprios esse i<strong>de</strong>al às custas da tendência do<br />
aluno/analisante colocá-los neste lugar, ou querer que eles adot<strong>em</strong> o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>les. A<br />
meta da educação implicaria, pelo contrário, numa <strong>de</strong>stituição <strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al.<br />
É preciso consi<strong>de</strong>rar que a tarefa <strong>de</strong> ensinar está impregnada <strong>de</strong> uma imensa<br />
exigência ética. Como fazer o uso do controle e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, renunciar a ele?<br />
Freud (1933) apresenta assim o dil<strong>em</strong>a do educador: se, por um lado, graças à<br />
educação, a criança <strong>de</strong>ve atingir o controle das pulsões e adaptar-se ao meio social,<br />
por outro, a própria psicanálise nos ensina ser esta repressão a fonte das<br />
manifestações neuróticas. Como é impossível permitir à criança uma liberda<strong>de</strong> total,<br />
a educação <strong>de</strong>ve encontrar um caminho entre a não interferência e a proibição. De<br />
qualquer modo, afirma ele, ela jamais po<strong>de</strong>rá dar cabo <strong>de</strong> uma indócil constituição<br />
pulsional. Ressalta ainda as difíceis tarefas do educador: adivinhar, por fracos<br />
indícios, o que se <strong>de</strong>senvolve na vida psíquica inacabada da criança, lhe dispensar a<br />
justa medida <strong>de</strong> amor e, no entanto, conservar uma parte eficaz <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>.<br />
Destacamos ainda duas passagens do texto freudiano que se articulam <strong>com</strong> o nosso<br />
trabalho, na medida <strong>em</strong> que sinalizam a importância da escola conviver <strong>com</strong> a