Convivendo com a diversidade: - Programa de Pós-Graduação em ...
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Algumas professoras perceb<strong>em</strong> que os conhecimentos adquiridos na área <strong>de</strong><br />
educação especial e/ou as estratégias <strong>de</strong> ensino utilizadas para facilitar a<br />
aprendizag<strong>em</strong> dos alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência, foram benéficos para um grupo maior <strong>de</strong><br />
alunos, que apresentam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>, ainda que não possam ser<br />
incluídos na categoria “crianças <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência intelectual”.<br />
Depois do curso [<strong>de</strong> pós graduação <strong>em</strong> educação especial] <strong>com</strong>ecei a<br />
ver umas coisas interessantes até <strong>em</strong> relação às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
aprendizag<strong>em</strong> que a gente observava <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula e não sabia o<br />
que era.<br />
Ainda que se refiram às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensinar alunos <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência, algumas<br />
chegam a relativizar essas dificulda<strong>de</strong>s, no sentido que esta é uma <strong>diversida<strong>de</strong></strong> a mais<br />
que o professor t<strong>em</strong> que lidar, chegando mesmo a admitir que outros alunos, s<strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>ficiência, po<strong>de</strong>m ser até mais trabalhosos:<br />
Imagine, às vezes eu fico fazendo um paralelo aqui. T<strong>em</strong> crianças<br />
biologicamente, fisicamente saudáveis, mas que <strong>com</strong> traumas <strong>de</strong><br />
infância, <strong>de</strong> família, mais terríveis <strong>de</strong> lidar do que crianças <strong>com</strong> uma<br />
<strong>de</strong>ficiência.<br />
Outra conseqüência positiva da inclusão ressaltada por elas é a oportunida<strong>de</strong> criada<br />
pela interação entre a criança <strong>com</strong> e s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ficiência, para que sejam trabalhadas<br />
questões relativas às diferenças, direitos e <strong>de</strong>veres e o incentivo ao trabalho <strong>em</strong><br />
grupo. Elas <strong>de</strong>screveram etapas da convivência entre as crianças, que se inicia <strong>com</strong><br />
certo estranhamento e apelidos pejorativos, mas que costuma evoluir para uma<br />
aceitação da <strong>de</strong>ficiência, passando a se <strong>com</strong>portar<strong>em</strong> <strong>com</strong>o “auxiliares” da professora<br />
no cuidado ao colega “especial”.<br />
… houve criança que perguntaram o que é que ela tinha. Se ela era<br />
doente, se ela era maluca… Porque é que você acha que ela é<br />
maluca? Aí, ela disse: Ah, B. porque <strong>de</strong> vez <strong>em</strong> quando, ela grita. Eu<br />
disse assim: Você nunca gritou não? Aí eu tentei assim… explicar pra<br />
eles o que era a síndrome, <strong>com</strong>o é que dava, o porquê… Aí eles<br />
i<strong>de</strong>ntificam assim… o rosto <strong>de</strong>la né? Os olhos né? … Que é os traços<br />
característicos da síndrome <strong>de</strong> Down (…). O que eu acho interessante<br />
assim, o fato <strong>de</strong> eles gostar<strong>em</strong> muito <strong>de</strong> L. Eles não ficam presos na<br />
síndrome, não é? Eles pensam na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>la. Porque ela é<br />
muito querida aqui <strong>de</strong>ntro da escola…