fábio palácio de azevedo fundamentos epistemológicos da teoria da ...
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Como Heráclito e Empédocles, Anaxágoras também pensa uni<strong>da</strong><strong>de</strong>e multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> como momentos <strong>de</strong> uma mesma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A physis épara ele um fluxo dinâmico <strong>de</strong> infinitas partículas chama<strong>da</strong>s spérmata. Areali<strong>da</strong><strong>de</strong> constitui-se em um contínuo divisível ao infinito. Não há,portanto, no pensamento <strong>de</strong>ste filósofo, qualquer oposição entre Ser enão-Ser – oposição tão cara ao pensamento eleático, como veremos.A segun<strong>da</strong> escola filosófica do período pré-socrático é a Pitagóricaou Itálica (pois situava-se na Península Itálica). Para os membros <strong>de</strong>staescola, a noção <strong>de</strong> Harmonia constituía-se em categoria central; elaexprimia as idéias correlaciona<strong>da</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, mensurabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e relaçõesquantitativas.Os pitagóricos her<strong>da</strong>ram o ascetismo dos dóricos, cuja culturavingou mais em Esparta que em Atenas. Pitágoras (VI a.c.), principalrepresentante <strong>de</strong>ssa corrente, <strong>de</strong> teor notavelmente racionalista, afirmavaser o Número a essência do Universo. Com isso firmava-se pela primeiravez uma physis abstrata, quantitativa. Não à toa, são <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s aos itálicosas primeiras noções <strong>de</strong> matemática formal.A afirmação do número como proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> geral do Ser permitiu aPitágoras <strong>da</strong>r resposta ao problema <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> na uni<strong>da</strong><strong>de</strong>,problema já antes tratado pelos jônios. Para os pitagóricos, a uni<strong>da</strong><strong>de</strong>correspon<strong>de</strong> ao infinito, mas, como tal, é também finita, <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>, poispo<strong>de</strong> passar a uma outra uni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Par torna-se ímpar e ímpar par,movimento que correspon<strong>de</strong> ao do Ser. Com isso, Pitágoras introduzia acontradição como fun<strong>da</strong>mento do movimento, idéia antes encontra<strong>da</strong> emHeráclito e que teria importante papel no pensamento filosófico posterior.É importante notar porém que, como alerta Hegel, a mu<strong>da</strong>nça emPitágoras, ao contrário <strong>da</strong>quela <strong>de</strong> Heráclito, tem caráter essencialmentegradualista, quantitativo, e não propriamente qualitativo. TambémENGELS observa a respeito <strong>de</strong> Pitágoras, com muita perspicácia, que“Na<strong>da</strong> parece mais simples que a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> quantitativa; e, no entanto,na<strong>da</strong> é mais múltiplo do que ela” (1979: p. 192). Engels observa emsegui<strong>da</strong> que a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> numérica contém em si o caráter dialético <strong>da</strong>oposição uni<strong>da</strong><strong>de</strong>/multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong>.__133__