fábio palácio de azevedo fundamentos epistemológicos da teoria da ...
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(ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro partido católico <strong>de</strong> feições progressistas), possuía conteúdoradicalmente aristotélico e voltava-se para o combate enfurecido dosprincípios platônicos e <strong>da</strong> proposta tomista. Suas bases já haviam sidolança<strong>da</strong>s na França do século XII por Pedro Abelardo em sua conten<strong>da</strong>intelectual com São Bernardo. O surgimento <strong>de</strong> Dunas Escoto representao início <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong> ruptura <strong>da</strong> teologia inglesa com aselaborações <strong>da</strong> teologia francesa, italiana e ibérica, ruptura esta que seconcretizará politicamente com os acontecimentos <strong>da</strong> ReformaProtestante.Dunas Escoto rompe com o tomismo a partir <strong>de</strong> suas reflexões sobreas relações entre Fé e Razão e entre intelecto e vonta<strong>de</strong>, que conferemcaráter histórico à visão cristã do Universo. Para Escoto “criação,encarnação, imputação dos méritos <strong>de</strong> Cristo são, <strong>da</strong> parte, atos livres nosentido pleno <strong>da</strong> palavra, isto é, que po<strong>de</strong>riam não haver sucedido e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong> iniciativa <strong>de</strong> Deus, que não têm outras razões que suaprópria vonta<strong>de</strong>” (BRÈHIER, 1977-78: p. 176).Esse voluntarismo <strong>de</strong> Escoto, que coloca a inteligência tanto <strong>de</strong>Deus como do Homem em função <strong>de</strong> suas vonta<strong>de</strong>s, acaba por <strong>de</strong>saguarem um divórcio entre Razão e Fé sem prece<strong>de</strong>ntes na história <strong>da</strong>Teologia. Porque, se Deus não baseia seus atos no entendimento racional,mas em sua vonta<strong>de</strong>, torna-se inútil tentar compreen<strong>de</strong>r racionalmente asver<strong>da</strong><strong>de</strong> divinas, que são puros objetos <strong>de</strong> fé. Tais objetos po<strong>de</strong>riaminclusive não existir, se o Pai assim o quisesse. Deus, é evi<strong>de</strong>nte, não éuma força <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> que age no mais puramente livre dos arbítrios. Elepossui entendimento racional, ain<strong>da</strong> que este esteja submetido à suavonta<strong>de</strong>, que é racional mas é também livre.Assim, muitas questões <strong>de</strong> fé que no tomismo po<strong>de</strong>m serinvestiga<strong>da</strong>s racionalmente, como a <strong>da</strong> origem e natureza <strong>de</strong> Deus, emEscoto já não po<strong>de</strong>m. Nesse ponto este último resgata Agostinho, masagora com intuito oposto: Deus não é para ser conhecido, mas para seracreditado e amado. O conhecimento serve para a compreensão domundo, não <strong>de</strong> Deus. A Filosofia vai com isso abrindo espaço para asCiências <strong>da</strong> Natureza, que já então se <strong>de</strong>senvolvem.__147__