Hegel esforça-se por <strong>de</strong>monstrar o vazio do formalismo kantiano.Sua tría<strong>de</strong> dialética é morta, aconceptual, puramente formal. É algosuperficial, exterior. Esse tipo <strong>de</strong> pensamento toma“<strong>da</strong> intuição ordinária <strong>de</strong>terminações sensíveis que, sem dúvi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vemsignificar algo diferente do que exprimem; <strong>de</strong> outra parte se utiliza o que éem si mesmo significante, as <strong>de</strong>terminações puras do pensamento comosujeito, objeto, substância, causa, universal, etc ..., mas <strong>de</strong> maneira tãoacrítica e inconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como na vi<strong>da</strong> ordinária, e do mesmo modo comose utilizam <strong>de</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> e força, expansão e contração, <strong>de</strong> sorte que essametafísica é tão acientífica quanto essas mesmas representaçõessensíveis” (HEGEL, 1991: p. 214).O formalismo <strong>de</strong> fato, parte <strong>de</strong> conceitos do pensamento como sefossem coisas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pela intuição.A incompetência po<strong>de</strong> vir a cair num espanto admirativo em face <strong>de</strong> talforça que une aparências tão distantes uma <strong>da</strong> outra, e em face <strong>da</strong>violência que o tranqüilo mundo sensível sofre <strong>da</strong> parte <strong>de</strong> semelhantemodo <strong>de</strong> unir as coisas, o que lhe confere a aparência <strong>de</strong> um conceito sem,no entanto, exprimir o objeto principal, a saber, o conceito mesmo ou asignificação <strong>da</strong> representação sensível. (HEGEL, 1991: p. 214)O formalismo vale-se <strong>de</strong> uma mera aplicação exterior e vazia <strong>da</strong>fórmula, processo chamado <strong>de</strong> “construção” e baseado na “purai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> ... branco sem forma. Essa natureza monocromática doesquema e suas <strong>de</strong>terminações sem vi<strong>da</strong>, essa i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> absoluta e apassagem <strong>de</strong> uma coisa na outra, constituem igualmente o conhecimentomorto e o entendimento exterior” (HEGEL, 1991, p. 215).Já a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira Ciência, por outro lado, é o avesso do meroformalismo. O fun<strong>da</strong>mental para ela não é a contradição morta, mas otrânsito <strong>da</strong> conexão. A Ciência, ao contrário do formalismo, mergulhafundo na matéria e segue seu movimento, retornando com isso a si mesmae encontrando o conteúdo em sua plenitu<strong>de</strong>.A Ciência po<strong>de</strong> organizar-se somente por intermédio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> própria doconceito ... Desta maneira ... o conteúdo não recebe sua <strong>de</strong>termini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>outro, prega<strong>da</strong> sobre ele, mas a dá a si mesmo e se dispõe a si mesmocomo momento e como lugar do todo. O entendimento que proce<strong>de</strong> portabelas ... (apenas) classifica ... Esse processo fornece apenas uma__182__
indicação do conteúdo, mas não o próprio conteúdo ... O entendimentoformal <strong>de</strong>ixa aos outros o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> cumprir essa tarefa, que é aprincipal. (HEGEL, 1991: p.s 215-216)O formalismo postula que a mera possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> representar-sealgo <strong>de</strong> modo diferente é o bastante para refutar uma representação.Atribui todo valor ao universal “nessa forma <strong>da</strong> inefetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Afirma auniversali<strong>da</strong><strong>de</strong> unilateral e, portanto, abstrata, como ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira. Masna<strong>da</strong> que seja unilateral po<strong>de</strong> ser ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, pois o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro é o total, enão quaisquer partes ou aspectos particulares. Como afirma HEGEL namais célebre passagem <strong>da</strong> “Fenomenologia do Espírito”, “O ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro é oTodo. Mas o todo é somente a essência que atinge a completu<strong>de</strong> por meio<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. Deve-se dizer do Absoluto ... que é o que naver<strong>da</strong><strong>de</strong> é apenas no seu fim. Nisto consiste sua Natureza: ser ... sujeitoou <strong>de</strong>vir-<strong>de</strong>-si-mesmo” (1991, p. 199).Portanto, não existe na<strong>da</strong> semelhante a uma coisa-em-siincognoscível, pois, como alerta o próprio Hegel na “Ciência <strong>da</strong> Lógica”, oHomem não po<strong>de</strong> estar fora <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong>s coisas.“A substância é sempre em si mesma sujeito, (e) po<strong>de</strong>-se dizer que todoconteúdo é sua própria reflexão em si. O subsistir ou a substância doexistir do conteúdo é a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> consigo mesmo. Com efeito, sua<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> consigo seria a sua dissolução. Mas a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> consigo é apura abstração, e a pura abstração é o pensar ... É aqui que secompreen<strong>de</strong> que o ser é pensar” (HEGEL, 1991: p. 216).Aqui insinua-se já um dos mais fun<strong>da</strong>mentais aspectos do obra <strong>de</strong>Hegel: o <strong>de</strong> que não existe, como em Kant, qualquer indissolúvelcontradição entre sujeito e objeto, pois ambos se unificam na Idéia. Aoposição sujeito/objeto não passa, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> sua aparência diversa,contraditória, mas em essência plena, una. Em Hegel, como em Platão eAristóteles, as condições do conhecimento são condições <strong>de</strong> existência <strong>da</strong>própria reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, conteúdo que se notorizou na célebre máxima “o real éracional, e o racional é real”.A Filosofia sempre buscou o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro na substância, na matériaem si mesma, como coisa aparta<strong>da</strong> do sujeito. Para HEGEL, ao contrário,“tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r e exprimir o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro não como substância,mas, exatamente na mesma medi<strong>da</strong>, como sujeito” (1991, p. 198). Essa__183__
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Postas muitas vezes como novas “d
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