fábio palácio de azevedo fundamentos epistemológicos da teoria da ...
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De fato, Marx alerta para o fato <strong>de</strong> que a maneira <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r dopensamento, indo do mais abstrato ao mais concreto para reproduzir areali<strong>da</strong><strong>de</strong> sob a forma <strong>de</strong> concreto pensado, <strong>de</strong>ixa-nos com a falsaimpressão <strong>de</strong> que esse é o processo <strong>de</strong> gênese do próprio concreto. “Porisso é que Hegel caiu na ilusão <strong>de</strong> conceber o real como resultado dopensamento que se sintetiza em si, se aprofun<strong>da</strong> em si e se move por simesmo ... Mas este não é <strong>de</strong> modo nenhum o processo <strong>de</strong> gênese dopróprio concreto” (MARX, 1982 a: p. 14).MARX alerta ain<strong>da</strong> para o fato <strong>de</strong> que as categorias mais abstratas,apesar <strong>de</strong> sua vali<strong>da</strong><strong>de</strong> para to<strong>da</strong>s as épocas, são, contudo ... igualmenteproduto <strong>de</strong> condições históricas ... A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa é a organizaçãohistórica mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, mais diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong> produção. As categoriasque exprimem suas relações ... permitem penetrar na articulação e nasrelações <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sapareci<strong>da</strong>s,sobre cujas ruínas e elementos se acha edifica<strong>da</strong>, e cujos vestígios, nãoultrapassados ain<strong>da</strong>, leva <strong>de</strong> arrastão <strong>de</strong>senvolvendo tudo o que antes foraapenas insinuado ... (Da mesma forma) a anatomia do Homem é a chavepara a anatomia do macaco. (1982 a: p. 17)Ou seja: apesar <strong>da</strong>s mais abstratas categorias terem valido <strong>de</strong>s<strong>de</strong>sempre e muito antes <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>scobertas (o capital, por exemplo, tinhana I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média a forma menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> fundiária), éporém o avanço <strong>da</strong> prática social que cria as condições para que essascategorias sejam intuí<strong>da</strong>s como tais, isto é, como conceitos dopensamento.O i<strong>de</strong>alismo hegeliano, portanto, sucumbe diante <strong>da</strong> noção <strong>de</strong>prática social. É ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que essa noção já estava pressuposta em Hegel,por entremeio <strong>de</strong> sua linguagem tão obscura quanto uma opalina. EmMarx, porém, a idéia <strong>de</strong> Prática Social não só é formula<strong>da</strong> <strong>de</strong> modo claro,como também exposta junto <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as suas inevitáveis conseqüências.Com o marxismo, portanto, o sistema hegeliano é subjugado.Porém, o núcleo revolucionário <strong>da</strong> epistemologia hegeliana é não sópreservado, como também elevado a um novo patamar. Marx resume essasuperação ao afirmar:__205__