fábio palácio de azevedo fundamentos epistemológicos da teoria da ...
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com uma diferença essencial: tudo quanto, entre os gregos, era umaintuição genial, tornou-se agora para nós o resultado <strong>de</strong> uma investigaçãoseveramente científica, liga<strong>da</strong> à experiência, e, por conseguinte, oconhecimento se apresenta sob uma forma muito precisa e clara. (1979: p.23)A noção termodinâmica <strong>de</strong> entropia dá razão a Engels. De fato, a<strong>de</strong>finição do conceito <strong>de</strong> entropia como um princípio <strong>de</strong> potência,en<strong>de</strong>micamente presente em to<strong>da</strong>s as coisas e processos do mundo, ésuficientemente abstrata para atestar a proeminência do movimentocomo atributo inseparável, interno e in<strong>de</strong>strutível <strong>da</strong> matéria.Já ENGELS afirmava, referindo-se à 1 a Lei Termodinâmica, que “Amo<strong>de</strong>rna ciência natural ... (adotou) <strong>da</strong> filosofia o princípio <strong>da</strong>in<strong>de</strong>strutibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do movimento ... o movimento <strong>da</strong> matéria não éapenas o grosseiro movimento mecânico, a simples mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> lugar; écalor e luz, tensão elétrica e magnética, associações e dissociaçõesquímicas, vi<strong>da</strong> e, finalmente, consciência” (1979: p. 28).O conceito <strong>de</strong> entropia traz <strong>de</strong> fato elementos novos ao velhoproblema <strong>da</strong> disputa entre concepções dialéticas e visões <strong>de</strong> mundometafísicas, apoia<strong>da</strong>s no princípio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Zenão <strong>de</strong> Eléia, porexemplo – que afirmava a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do movimento a partir <strong>da</strong>premissa <strong>de</strong> que as linhas não eram mais que composições <strong>de</strong> pontos –,certamente ficaria surpreso se tivesse podido conhecer o princípioentrópico, já que sua afirmação sobre a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do movimentoremete à “hipótese <strong>de</strong> equilíbrio”.O conceito <strong>de</strong> entropia parece ir em sentido oposto ao do enunciado<strong>de</strong> Zenão: pontos não são mais que intersecções <strong>de</strong> linhas, e não ocontrário. O <strong>de</strong>scanso, portanto, é caso especial <strong>de</strong> movimento, e oequilíbrio não é mais que caso limite <strong>de</strong> processo irreversível.A Física Clássica não cultivava essa visão. Para ela, o natural era oestático e o inerte, e a mu<strong>da</strong>nça irreversível era o que requeria explicaçãoespecial.. Mas, quando a estrutura conceptual tem como pressuposto airreversibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, o movimento é justamente o que não precisamosexplicar.__211__