A unidade da matériaA primeira vista, nada parece tão profundamente varia<strong>do</strong>, tão essencialmente distinto,quanto as diversas substâncias que compõem o mun<strong>do</strong>. Entre os objetos que a arte ou a naturezadiariamente nos fazem passar sob as vistas, não há <strong>do</strong>is que acusem perfeita identidade, ou, sequer,simples paridade de composição. Que dessemelhanças, <strong>do</strong> ponto de vista da solidez, dacompressibilidade, <strong>do</strong> peso e das propriedades múltiplas <strong>do</strong>s corpos, entre os gases atmosféricos eum fio de ouro; entre a molécula aquosa da nuvem e a <strong>do</strong> min<strong>era</strong>l que forma a carcaça. Óssea <strong>do</strong>globo! Que diversidade entre o teci<strong>do</strong> químico das variadas plantas que a<strong>do</strong>rnam o reino vegetal e o<strong>do</strong>s representantes, não menos numerosos, da animalidade na Terra!Entretanto, podemos pôr por principio absoluto que todas as substâncias, conhecidas oudesconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer <strong>do</strong> ponto de vista da constituiçãointima, quer no que concerne à ação que reciprocamente exercem, não são, de fato, senão mo<strong>do</strong>sdiversos sob os quais a matéria se apresenta, senão variedades em que ela se transformou, sob adireção das inúm<strong>era</strong>s forças que a governam.Decompon<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os corpos conheci<strong>do</strong>s, a Química chegou a um certo número deelementos irredutíveis a outros princípi os; deu-lhes o nome de corpos simples e os consid<strong>era</strong>primitivos, porque nenhuma op<strong>era</strong>ção até hoje pôde reduzi -los a partes relativamente mais simples<strong>do</strong> que eles próprios.Mas, mesmo onde param as apreciações <strong>do</strong> homem, auxilia<strong>do</strong> pelos seus maisimpressionáveis senti<strong>do</strong>s artificiais, a obra da Natureza continua; mesmo onde o vulgo toma comorealidade a aparência, o olhar daquele que pôde apreender o mo<strong>do</strong> de agir da Natureza, apenas vê,sob os materiais constitutivos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a matéria cósmica primitiva, sim ples e una, diversificadaem certas regiões, na época <strong>do</strong> nascimento deles, distribuída em corpos solidários durante a vida eque, por decomposição, se desmembram um dia no receptáculo da extensão.Tal diversidade se observa na matéria, porque, sen<strong>do</strong> em núm ero ilimita<strong>do</strong> as forças que lhepresidiram às transformações e as condições em que estas se produziram, ilimitadas não podiamtambém deixar de ser ás próprias combinações várias da matéria.Logo, quer a substância que se considere pertença aos flui<strong>do</strong>s prop riamente ditos, isto é, aoscorpos imponderáveis, quer se ache revestida <strong>do</strong>s caracteres e das propriedades ordinárias damatéria, não há, em to<strong>do</strong> o Universo, mais <strong>do</strong> que uma única substância primitiva: o cosmos, oumatéria cósmica <strong>do</strong>s uranógrafos.O ensino é claro, formal: existe uma matéria primitiva, da qual decorrem to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>sque conhecemos. Terá a ciência confirmada esta maneira de ver? Toman<strong>do</strong> -se as coisas ao pé daletra, não há negar que essa substância ainda não é conhecida; mas, pesan<strong>do</strong> -se maduramente to<strong>do</strong>sos fatos que vamos expor, torna -se fácil verificar que, se a demonstração direta ainda não foi dada, atese da unidade da matéria é muito provável e encontra cabimento nas mais fundamentadas opiniõesfilosóficas <strong>do</strong>s físicos.Justificação desta teoria. – O esta<strong>do</strong> molecularUma das maiores dificuldades com que defrontamos quan<strong>do</strong> queremos estudar a Natureza éa de no-la representarmos tal qual ela é. Quan<strong>do</strong> se vêem massas de mármore de granulação fina ecerrada, enormes barras de ferro suportan <strong>do</strong> pesos gigantescos tornam-se difícil admitir que essescorpos são forma<strong>do</strong>s de partículas excessivamente pequenas, que não se tocam, chamadas átomosnos corpos simples e moléculas nos corpos compostos. A extrema tenuidade desses átomos escapa àimaginação. O pó mais impalpável é grosseiro, a par da divisibilidade a que pode chegar.Disso dá Tyndall um exemplo frisante. Dissolven<strong>do</strong> -se um grama de resina pura em 87gramas <strong>do</strong> álcool absoluto, deitan<strong>do</strong> -se a solução num frasco de água cristalina e agitan<strong>do</strong> -sefortemente o frasco, ver-se-á o líqui<strong>do</strong> tomar umas colorações azuis, devidas às moléculas da resinaem dissolução. Pois bem, Suxley, examinan<strong>do</strong> essa mistura com o seu mais poderoso microscópio,não conseguiu ver partículas distintas: é que elas tinham, de t amanho, menos de um quarto <strong>do</strong>milésimo de milímetro!102
Também o mun<strong>do</strong> vivente é forma<strong>do</strong> de moléculas orgânicas, em que os átomos entramcomo partes constituintes. Segun<strong>do</strong> o Padre Secchi, em certas diátomas circulares, de diâmetroigual ao comprimento de uma onda luminosa (<strong>do</strong>is milésimos de milímetro), se podem contar, sobreesse diâmetro, mais de cem células, cada uma das quais composta de moléculas de diferentessubstâncias!Outros vegetais e infusórios microscópicos são menores, em tamanho, <strong>do</strong> que uma ondaluminosa e, no entanto, possuem to<strong>do</strong>s os órgãos necessários à nutrição e às funções vitais. Emsuma, é quase indefinida a divisibilidade da matéria, pois, se consid<strong>era</strong>rmos que um miligrama deanilina pode colorir uma quantidade de álcool cem milhões de vez es maior, forçoso será desistir defazer qualquer idéia das partes extremas da matéria.E esses infinitamente pequenos se acham separa<strong>do</strong>s uns <strong>do</strong>s outros por distâncias maiores <strong>do</strong>que os seus diâmetros; está incessantemente animada de movimentos diversos e a mais compactamassa, o metal mais duro são apenas agrega<strong>do</strong>s de partículas semelhantes, porém afastadas umasdas outras, em vibrações ou girações perpétuas e sem contacto material entre si. Acompressibilidade, isto é, a faculdade que possuem to<strong>do</strong>s os cor pos de ser comprimi<strong>do</strong>, ou, poroutra, de ocupar um volume menor, põem essa verdade fora de toda dúvida.A difusão, isto é, o poder que têm duas substâncias de se penetrarem mutuamente, tambémmostra que a matéria não é contínua.Examinan<strong>do</strong>-se uma pedra jacente na estrada, julga-se que está em repouso, pois não é vistaa deslocar-se. Quem, no entanto, lhe pudesse penetrar na intimidade da substância, para logo seconvenceria de que todas as suas moléculas se acham em incessante movimento. No esta<strong>do</strong>ordinário, esse formigamento é de to<strong>do</strong> imperceptível. Entretanto, poderemos aperceber -nos dele, sebem que de mo<strong>do</strong> grosseiro, se notarmos que os corpos aumentam ou diminuem de volume, isto é,se dilatam ou contraem – sem que suas massas sofram qualquer alt<strong>era</strong>ção – conforme a temp<strong>era</strong>turaneles se eleva ou decresce. Essas mudanças dão a ver que é variável o espaço que separa asmoléculas e guarda relação com a quantidade de calor que os corpos contêm no momento em quesão observa<strong>do</strong>s.Desse conhecimento resulta que no interior <strong>do</strong>s corpos, brutos e na aparência imóveis, seexecuta um trabalho misterioso, uma infinidade de vibrações infinitamente pequenas, um equilíbrioque de contínuo se destrói e restabelece, e cujas leis, variáveis para cada substância, dão a cada umaa sua individualidade. Do mesmo mo<strong>do</strong> que os homens se distingue uns <strong>do</strong>s outros segun<strong>do</strong> amaneira por que suportam o jugo das paixões ou lutam contra elas, também as substâncias min<strong>era</strong>isse distinguem umas das outras pela maneira por que suportam os choques e contra eles reagem.Ter-se-ão estuda<strong>do</strong>s esses movimentos internos? Ainda não se pud<strong>era</strong>m observardiretamente os deslocamentos moleculares, senão na sua totalidade, pois que os mais poderososmicroscópios não nos permitem ver uma molécula; mas, os fenôme nos que se produzem nasreações químicas e a aplicação que se lhes fez da teoria da transformação <strong>do</strong> calor em trabalho, ereciprocamente, possibilitaram comprovar -se que estas últimas divisões da matéria se achamsubmetidas às mesmas leis que presidem às e voluções <strong>do</strong>s sóis no espaço. Também ao mun<strong>do</strong>atômico são aplicadas as regras fixas da mecânica celeste, o que mostra, inegavelmente, a admirávelunidade que rege o universo. (176)Graças aos progressos das ciências físicas, admite -se hoje que to<strong>do</strong>s os corpos têm suasmoléculas animadas de duplo movimento: de translação ou oscilação em torno de uma posiçãomediana e de libração (balanço) ou de rotação em torno de um ou muitos eixos. Esses movimentosse efetuam sob a influência da lei de atração. Nos corpos s óli<strong>do</strong>s, as moléculas se encontramdispostas segun<strong>do</strong> um sistema de equilíbrio ou de orientação estável; nos líqui<strong>do</strong>s, acham -se emequilíbrio instável; nos gases, estão em movimento de rotação e em perpétuo conflito umas com asoutras. (177)To<strong>do</strong>s os corpos da Natureza, assim Inorgânica, como vivente, se acham submeti<strong>do</strong>s a essasleis. Seja a asa de uma borboleta, a pétala de uma rosa, a face de uma <strong>do</strong>nzela, o ar Impalpável, omar imenso, ou o solo que pisamos, tu<strong>do</strong> vibra, gira, se balança ou se move. Mesmo um cadáver,embora a vida o haja aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, constituí um amontoa<strong>do</strong> de matéria, cada uma de cujas moléculaspossui energias que não lhe podem ser subtraídas. Repouso é palavra carente de senti<strong>do</strong>.103
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A Sr Varley estava noutro quarto po
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