não é mais <strong>do</strong> que o resíduo <strong>do</strong> Espírito, isto é, vestígios físicos das sensações, <strong>do</strong>s pensamentos,das volições fixadas sob a forma de movimentos no invólucro perispirítico e cuja intensidadevibratória não basta para fazê-los aparecer no campo da consciência. Se, entretanto, pela ação davontade se intensifica o movimento vibratório desses resíduos, o eu tor na a percebê-los sob a formade lembranças. O sonambulismo, desprenden<strong>do</strong> a alma e dan<strong>do</strong> ao perispírito um novo tônusvibratório, cria condições diferentes para o registro <strong>do</strong>s pensamentos e das sensações, de sorte que,volven<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> normal, o Espírito já não tem consciência <strong>do</strong> que se passou durante aqueleperío<strong>do</strong>.Demais, esse desprendimento facilita o exercício das faculdades superiores <strong>do</strong> Espírito:telepatia, clarividência, etc., que habitualmente se não exercem durante o esta<strong>do</strong> de vigília.Há, se quiserem, duas personalidades que se sucedem, mas como <strong>do</strong>is aspectos da mesmaindividualidade e as personalidades – diferentes até certo ponto, pela acuidade das suas sensações epela extensão de suas faculdades – jamais coexistem: uma tem sempre que desapar ecer, quan<strong>do</strong> aoutra se manifesta (211). Cremos, pois, errôneo, quan<strong>do</strong> um médium, bem desperto, em seu esta<strong>do</strong>normal, dá provas da presença de um Espírito, atribuir -se essas noções a uma leitura inconscienteque a personalidade sonambúlica faça na memória <strong>do</strong> consulente.Com mais forte razão, parecem -nos concludentes todas as provas que o Sr. Aksakofacumulou em seu livro, sob a rubrica: Espiritismo.Para resumir, diremos que uma materialização que apresenta, com uma pessoa anteriormentemorta, semelhança completa de forma corpórea e identidade de inteligência, CONSTITUI PROVAABSOLUTA DA <strong>IMORTAL</strong>IDADE .Mecanismo da materializaçãoÉ-nos rigorosamente impossível imaginar que a alma, após a morte, se ache desprovida deum organismo qualquer, porque, então, não poderia pensar, na acepção que damos a essa palavra.Ela não poderia estar isenta das condições de tempo e de espaço, sem deixar de ser o que é; se tal sedesse, ela se tornaria alguma coisa de absolutamente incompreensível para a nossa razão.Mostra-nos o estu<strong>do</strong> que há leis a que to<strong>do</strong>s os seres pensantes se acham submeti<strong>do</strong>s. É emvirtude dessas leis que não podemos estar em diversos lugares ao mesmo tempo, ou percorrer mais<strong>do</strong> que um determina<strong>do</strong> espaço em certo tempo, ou pensar além de certo número de pen samentos,ou experimentar mais que certo número de sensações, em da<strong>do</strong> tempo. Daí se segue que, se muitofacilmente podemos imaginar que uma inteligência superior à nossa, se bem que finita, estejasubmetida a condições muito diferentes, não podemos, entret anto, conceber uma inteligência finitaabsolutamente livre de todas as condições, isto é, de qualquer corpo. (212)Evidente, por exemplo, que a existência mesma de uma vida psíquica necessita de um laçode continuidade entre os pensamentos, certa aptidão a conservar uma espécie de <strong>do</strong>mínio sobre opassa<strong>do</strong>: é claro que o que já não existe, isto é, o pensamento de há pouco, tem que ser conserva<strong>do</strong>nalguma coisa, para que possa ser revivifica<strong>do</strong>. Essa propriedade da lembrança implica a existênciade um órgão em relação com o meio em que vive a alma. Na Terra, mun<strong>do</strong> ponderável, o cérebro éa condição orgânica; no espaço, meio imponderável, o perispírito desempenha a mesma função. Abem dizer, como o perispírito já existe neste mun<strong>do</strong>, ele é o conserva<strong>do</strong>r da vida int egral, quecompreende as duas fases: de encarnação e de vida supraterrena. Uma segunda condição de vidaintelectual se impõe: a de uma possibilidade de ação no meio em que ela se desenvolve. Um servivo precisa ter em si mesmo a faculdade de diversos movim entos, pois que a vida se caracterizapelas reações contra o meio exterior. E, aliás, o parecer <strong>do</strong> Sr. Hartmann, cita<strong>do</strong> por Aksakof, o quediz:Se pudesse demonstrar que o Espírito individual subsiste após a morte, eu daí concluiriaque, malgra<strong>do</strong> à desagregação <strong>do</strong> corpo, a substância <strong>do</strong> organismo persistiria sob uma formaimperceptível aos senti<strong>do</strong>s, porque somente nessa condição posso imaginar a persistência <strong>do</strong>espírito individual.Nós, espíritas kardecistas, vemos no perispírito essa forma imperceptível e provamos, comas materializações, que ela sobrevive à morte.130
Como se produz esse esplêndi<strong>do</strong> fenômeno? Por que processo pode um Espírito fazer -sevisível e mesmo tangível? Este o ponto em que começam as dificuldades. Sabemos bem que asubstância da aparição é tomada ao médium e aos assistentes. Disso, dentro em pouco, vamos ter asprovas. Mas, como se hão de compreender esse transporte, essa desagregação e essa reconstituiçãode matéria orgânica, sem que ela se haja decomposto? Tais manifestações transcenden tes põem emação leis que desconhecemos e os sábios fariam muito melhor, ajudan<strong>do</strong> -nos a descobri-las, <strong>do</strong> quenegan<strong>do</strong> sistematicamente fatos mil vezes observa<strong>do</strong>s com inexcedível rigor. Esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> que se dê,vamos, nada obstante, expor o que conhecemos.Fato bem observa<strong>do</strong> é a ligação constante em que se mantêm o médium e o Espíritomaterializa<strong>do</strong>. Este último haure daquele a energia de que se utiliza, de sorte que, sobretu<strong>do</strong> nassuas primeiras manifestações, mal pode sair <strong>do</strong> gabinete onde o médium se encontra e m letargia.Mais tarde, aumenta-se-lhe o poder de ação, conservan<strong>do</strong> -se sempre, porém, limita<strong>do</strong>. Num esboçofeito pelo Dr. Hitchman, nota-se que, entre a cavidade <strong>do</strong> peito da forma materializada e a <strong>do</strong>médium, há um como feixe luminoso religan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is cor pos e projetan<strong>do</strong> um clarão sobre o rosto<strong>do</strong> médium. Esse fenômeno foi observa<strong>do</strong> muitas vezes durante as materializações. Compararam -noao cordão umbilical. O Sr. Dassier o equipara a uma rede vascular fluídica, pela qual passa amatéria física, em particular esta<strong>do</strong> de eterização. Verifica -se a presença desse liame, durante osdes<strong>do</strong>bramentos naturais, pela repercussão das alt<strong>era</strong>ções <strong>do</strong> corpo perispirítico sobre o corpomaterial (213), como se dava nas experiências <strong>do</strong> Sr. de Rochas. Aqui, é entre o Espírito e omédium que existe aquele laço, e é natural, porquanto é neste último que a materialização haure amatéria e a energia, que emprega para se manifestar.A propósito das moldagens de materializações, o Sr. Aksakof faz uma pond<strong>era</strong>ção das maissignificativas, no tocante à proveniência da matéria física de que é formada a aparição.Do ponto de vista das provas orgânicas, eu não poderia guardar silêncio, diz ele, sobre umaobservação que fiz: Examinan<strong>do</strong> atentamente o gesso da modelação da mão de Bertie ecomparan<strong>do</strong>-o ao gesso da <strong>do</strong> médium, notei com surpresa que a mão de Bertie, embora roliçacomo a de uma moça, apresentava, pelo aspecto <strong>do</strong> <strong>do</strong>rso, sinais indicativos da idade. Ora, omédium <strong>era</strong> uma mulher i<strong>do</strong>sa, que morreu pouco tempo depois da experiência. Eis a i um detalheque nenhuma fotografia pode registrar e que prova de mo<strong>do</strong> evidente que a materialização se efetuaa expensas <strong>do</strong> médium e que o fenômeno é devi<strong>do</strong> a uma combinação de formas orgânicasexistentes, como elementos formais introduzi<strong>do</strong>s por uma força organiza<strong>do</strong>ra, estranha, força que éa que produz a materialização. Por isso mesmo, vivo prazer experimentei ao saber que o Sr. Oxleyfiz<strong>era</strong> as mesmas observações, conforme se depreende de uma carta sua, de 20 de fevereiro de 1876,relativa a uns moldes que obtiv<strong>era</strong> e me enviava.Coisa curiosa, escreveu ele: sempre se reconhecem nas modelações os sinais distintivos damocidade e da velhice. Prova isso que os membros materializa<strong>do</strong>s, embora conservem a formajuvenil, apresentam particularidades que traem a id ade <strong>do</strong> médium. Se examinardes as veias damão, encontrareis indícios característicos que indiscutivelmente se relacionam com o organismo <strong>do</strong>médium.Se é exata essa teoria, isto é, se uma parte da matéria <strong>do</strong> corpo materializa<strong>do</strong> é tomada <strong>do</strong>médium, deve este necessariamente experimentar uma diminuição de peso. É precisamente o quesucede, como se há muitas vezes comprova<strong>do</strong>.Diz a Sra. Florence Marryat:Vi a Srta. Florence Cook colocada sobre a máquina de uma balança de pesar, construídapara esse fim pelo Sr. Crookes, e verifiquei que a médium pesava 112 libras. Logo, porém, que oEspírito se materializava completamente, o peso <strong>do</strong> corpo da médium ficava reduzi<strong>do</strong> à metade, a56 libras. (214)Agora, uma observação <strong>do</strong> Sr. Armstrong, em carta dirigida ao Sr. Keniv ers:Assisti a três sessões organizadas com a Srta. Wood, nas quais foi empregada a balança <strong>do</strong>Sr. Blackburn. Pesaram o médium e conduziram -no em seguida ao gabinete. Três figurasaparec<strong>era</strong>m, uma após outra e subiram à balança. Na segunda sessão, o peso va riou entre 34 e 176libras, representan<strong>do</strong> este último algarismo o peso normal <strong>do</strong> médium. Na terceira sessão, um só131
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